sábado, 19 de agosto de 2017

Quem Vai Ficar Com Mary?

O ambiente colegial dos anos 1980 não poderia ter retrato melhor do jovem desengonçado e tímido do que Ted (Ben Stiller, cuja incrível adequação ao papel o marcou desde então a esse tipo de personagem). Passados dez anos –já, portanto, nos anos 1990 –ele não consegue esquecer moça bela e radiante pela qual se encantou na adolescência, a inacreditável Mary (Cameron Diaz, um achado), que protagonizou com ele também um dos momentos mais constrangedores de sua vida; e a razão para Ted estar rememorando tudo isso no divã de um analista (Richard Jenkins, espécie de ator-assinatura dos diretores) não é assim por acaso.
Num ímpeto entusiasmado, ainda que relutante, ele contrata Pat Healy, um relapso detetive particular (Matt Dillon, adequado ao humor chulo da trama) para encontrá-la e ter notícias dela. Mas o tal detetive também se apaixona pela moça (efeito que Mary parece despertar em todos os homens a sua volta), e mente que ela já casou, engordou, enfeiou e até ficou aleijada (!!!), para assim poder cortejá-la.
Mas, Ted não desiste e, verdadeiramente apaixonado por Mary, insiste em procurá-la entrando nas mais variadas encrencas.
Travestindo sua obra com a mais terna roupagem de comédia romântica –e, de fato, dotada de todas as características emotivas inerentes ao gênero –os Irmãos Peter e Bobby Farelli (saídos da surpreendente repercussão do ácido “Debi & Lóide-Dois Idiotas Em Apuros”) desafiam o público com este trabalho insanamente hilário, dos primeiros a explorar aspectos politicamente incorretos em seu humor, obtendo resultados vulgares, porém de comprovado apelo popular, o que se tornou um padrão mais tarde, para o bem e para o mal. Engraçadíssimo, sobretudo pela escolha certeira de seu elenco; estão perfeitos, não apenas o desajeitado e simpático Ben Stiller e o cafajeste Matt Dillon, mas acima de tudo, a belíssima Cameron Diaz, cuja revelação cômica se deu neste filme e que naquele ano, 1998, conseguiu romper o habitual preconceito para com filmes de comédia (persistente até hoje) e amealhou diversos prêmios de melhor atriz do ano.

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