Um filme que reúne Morgan Freeman, Kevin Kline,
Robert De Niro e Michael Douglas, além de Mary Steenburgen não deve ser jamais
subestimado, ainda que seja tendência, sobretudo da crítica, subestimar tudo o
que o diretor Jon Turteltaub (de filmes insípidos e inofensivos como a comédia
romântica “Enquanto Você Dormia”, o drama “Fenômeno” e a aventura com Nicolas
Cage “A Lenda do Tesouro Perdido”) acabe fazendo.
Ele alcança aqui um objetivo bem gracioso
(ainda que longe de ser memorável) que deve satisfazer plenamente o público,
embora certamente esse mérito não pertença a ele.
A trama fala sobre o reencontro de um grupo de
amigos, inseparáveis na juventude, mas que, passados cinqüenta e oito anos,
estão envelhecidos e dispersos. Há Sam (Kevin Kline, talvez o melhor em cena)
que reage com o máximo de bom-humor possível –ainda que temperado de alguma
amargura –ao fato de precisar ir com mais freqüência do que gostaria às
clínicas, consultórios e hospitais; já Archie (Morgan Freeman, divertidíssimo),
por sua vez, mal sai de casa sempre sob a vigilância neurótica preocupada e
opressora do filho; e Paddy (Robert De Niro com uma imutável cara de rabugento)
que, desde a viuvez, mantém-se enclausurado e sozinho em seu apartamento,
evitando até mesmo a solidariedade das vizinhas. Há algum tempo sem se ver,
eles são reunidos por Billy (Michael Douglas) o mais em visível crise de meia
idade de todos que vai se casar com uma deliciosa jovem de trinta e dois anos
(e tal fato serve de motivo para constante chacota dos outros) e deseja
realizar uma despedida de solteiro fenomenal ao lado de todos eles em Las
Vegas.
Uma vez lá a idéia é reviver, na medida do
possível, a glória das farras de juventude e aproveitar a diversão (e as
mulheres, as bebidas, as músicas) que a cidade de neon tem a oferecer. É claro
que eventualmente, eles vão se deparar com suas inevitáveis limitações, com o
fato de que o mundo mudou (e ficou mais cínico, mais desrespeitoso) desde que
deixaram as festas para trás, e com circunstâncias que colocarão em teste sua
própria amizade.
Não faltará também uma formosa cantora de palco
(vivida com charme incontornável por Mary Steenburgen) que balançará as
convicções de Billy com relação ao seu vindouro casamento e cuja afeição ele
disputará com Paddy; uma situação que remete à um triângulo amoroso que ambos
viveram na juventude.
É um argumento simples –e simples se mantém até
o fim, com as mesmas guinadas previsíveis em seu humor e em seu drama –mas que
serve ao propósito de colocar esses sensacionais atores lado a lado em
situações que eles e sua verve de grandes intérpretes se encarregam de tornarem
deliciosas.
Uma receita que não havia
muito como dar errado.
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