terça-feira, 26 de setembro de 2017

A Noite É Delas

O pior filme já estrelado por Scarlett Johansson. O quê é uma pena, pois seria muito legal ver ela (que, além de símbolo sexual, é também uma grande atriz) mostrar suas capacidades cômicas. Contudo, este "A Noite É Delas" –cuja premissa sugeria uma versão feminina de "Se Beber Não Case" (há ainda espaço para fortes referências a “Missão Madrinha de Casamento” e “Um Morto Muito Louco”) –é, em seus melhores momentos, quando muito, vexaminoso. Tem um tipo de humor muito chulo e norte-americano, calcado em vergonha alheia, onde os roteiristas equilibram um momento constrangedor em cima do outro.
No papel da candidata ao congresso Jess, que está também por se casar, Scarlett parece fazer uma espécie de caricatura de Hillary Clinton (!). Apesar do zelo constante para com sua imagem pública ela aceita com reticências a idéia da melhor amiga Alice (Jillian Bell, péssima, forçada e apática) para se reunir às companheiras de juventude –a atual dondoca Blair (Zoe Kravitz) e a ativista maconheira Frankie (Ilana Glazer) –para uma despedida de solteiro em Miami.
À elas, mais tarde, junta-se uma amiga australiana de Jess, a sem noção Pippa (Kate McKinnon, o mais próximo de uma comediante de verdade que este filme consegue chegar).
Na primeira noite, contudo, um stripper contratado por elas acaba morto (naquela que deve ser uma das cenas mais incompetentes, constrangedores e obtusas deste ano no cinema) deixando todas em maus lençóis.
É claro que complicações um bocado previsíveis se seguem: As tentativas gaiatas –e potencializadas num humor negro muitas vezes inconveniente –de esconder o cadáver de possíveis testemunhas que aparecem; as intervenções ocasionais (feitas com intenção de serem engraçadas, mas absolutamente redundantes) do noivo de Jess (Paul W. Downs, perdido feito cego em tiroteio); e a participação sem maior relevância –e um tanto vulgar –de Demi Moore e Ty Burrell como um casal liberal e sexualmente libertino (a cena do threesome deles com Zoe Kravitz é outro momento pleno de constrangimento).
Perto do fim, o roteiro realiza sua maior e mais previsível manobra de obviedade revelando quem o morto realmente é, livrando a cara das protagonistas e convertendo o filme (que já não era nenhuma obra-prima) numa esquemática resolução de combate ao crime.
Fazer comédia é uma coisa complicada: Requer não só talento e timing, como é necessário também que haja uma sintonia pontual entre a desenvoltura de seu elenco e forma com que a direção e o roteiro urgem as seqüências cômicas. Essa é somente a primeira das grandes e inúmeras falhas que se pode detectar de imediato aqui.

Um besteirol moderno com pretensões feministas que jamais chegam a se concretizar, nada mais.

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