A amizade entre o astro Kevin Costner e o diretor
Kevin Reynolds sempre seguiu numa proximidade à de suas trajetórias
profissionais –tal como pode ser conferido em um dos primeiros filmes de um
Costner ainda jovem, “Fandango”, dirigido por Reynolds.
Natural que, com a consagração obtida por
“Dança Com Lobos” e seus sete prêmios Oscars em 1990 (e ainda o largo sucesso
de público de “Robin Hood-O Príncipe dos Ladrões”, também dirigido por
Reynolds), fosse intenção de Costner estender essa graça para seus
colaboradores. Foi certamente com essa intenção (a de uma bela campanha junto
ao Oscar) que, em 1994, Kevin Costner contribuiu, não como astro, mas como
produtor (o quê, em “Dança Com Lobos”, ele também era) de um ambicioso projeto
de Reynolds: Contar uma história em tintas épicas e românticas que imaginava
como teriam surgido as misteriosas rochas em forma de cabeça humana na Ilha de
Páscoa.
Como todo filme ambicioso na velha tradição
hollywoodiana, este usa da trajetória de sofrimento de uma comunidade para
emoldurar a história de um triângulo amoroso.
A jovem camponesa Ramana (a bela Sandrine Holt
que antes fez “Hábito Negro”) é o objeto do desejo do inquieto e inconformado
escravo Make (Esai Morales), mas ama de fato o nobre Noro (Jason Scott Lee, de
uma etnia indefinida entre o polinésio e o oriental –chegou a interpretar Bruce
Lee em uma cinebiografia!). Noro e Make são grandes amigos, mas a cartilha
dramática de filmes feitos à moda antiga manda que um embate pelo coração de
Ramana os torne antagonistas.
Em meio à isso, uma competição que elegerá o
grande campeão da ilha deixa as suas duas classes (nobres e plebeus), já um
bocado segregadas.
Make deseja vencer Noro como forma de compensar
a predileção de Ramana por ele, mas aos poucos, Make transfere seu
inconformismo para outro lugar: A devastadora e árdua tarefa imposta à sua
classe de esculpir continuamente pedras gigantescas em forma humana para
satisfazer os deuses, trabalho pesado e insano que está esgotando as forças dos
homens e exaurindo as árvores da ilha. No entanto, com o tempo, a liderança de
Make na tentativa de livrar os seus da opressão o tornará alguém mais obscuro e
lúgubre.
Nesse ínterim, tudo o que almeja Noro é viver
em paz ao lado de Ramana, fato que a disputa de Make, a oposição da família de
ambos, e a própria extinção inexorável e imediata de seu povo tentarão
obstruir.
A despeito dos esforços verdadeiramente
constituídos de mérito, tanto o diretor Reynolds (cuja narrativa consegue ser
empática e vibrante) quando o produtor Costner não conseguiram fazer de “Rapa
Nui” mais do que uma empolgante “sessão da tarde” –é um filme agradável, bonito
e interessante de fato, mas igualmente chafurdado em clichês e desprovido de
qualquer elemento digno de se considerar memorável (nesse sentido, Mel Gibson,
treze anos depois, foi bem mais feliz com seu “Apocalypto”).
Ao menos, fez um sucesso razoável e tem, ainda
hoje, seus admiradores. Já, os dois Kevins, o Costner e o Reynolds,
continuariam com seus planos ambiciosos que, ainda na década de 1990,
culminariam com o catastrófico “Waterworld-O Segredo das Águas”, esse sim um
fracasso tão retumbante que quase poria fim à carreira dos dois.
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