quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Harry & Sally - Feitos Um Para O Outro

Harry Burns e Sally Albright se conheceram ainda jovens, na pouco frutífera interação de uma longa carona –Harry era o namorado de uma grande amiga para quem Sally prestou um favor levando-o até Nova York.
Os anos se passaram com eles reencontrando-se em outra situação: Um vôo interurbano no qual a interação foi ainda menos satisfatória. Pois um punhado de anos precisou se passar –e com eles uma série de relacionamentos frustrados de ambas as partes –para que os dois ao menos concordassem em manter uma amizade.
Sem no entanto perceber que se amam.
Em princípio, portanto, o filme do diretor Rob Reiner (do maravilhoso “Conta Comigo” e “A Princesa Prometida”) parece falar sobre a tese chauvinista de que não existe amizade real entre homens e mulheres. Só, em princípio: Seu objetivo, bem mais descontraído e espirituoso, é avaliar as minúcias contraditórias e, não raro, engraçadas, dos relacionamentos (atestado nas cenas que intercalam as passagens de tempo, e que mostram o depoimento de vários casais), especialmente nos momentos em que tais facetas se mostram nítidas. Quando a atração e o interesse se expressa à revelia da consciência ou mesmo do querer dos interessados.
Á frente do elenco (que inclui ainda, Carrie Fisher, a princesa Léia de “Star Wars”), Billy Cristal e Meg Ryan exalam química e simpatia –ele, preciso em seu timing cômico, o quê compensa o pouco interesse que desperta no público feminino; ela, ótima no retrato tão cativante quanto neurótico que pinta da mulher moderna nova-iorquina.
Uma seqüência em especial (famosíssima) ilustra muito bem o humor ferino, equilibrado e pulsante que o filme irradia: Quando Sally, diante das negativas Harry, prova para ele, no meio de uma lanchonete lotada, que uma mulher pode, sim, fingir um orgasmo totalmente convincente.
Filmado pelo diretor Rob Reiner como numa reprodução em todos os pormenores charmosos do estilo de Woody Allen –intenção à qual o roteiro cheio de diálogos afiados de Nora Ephron dá pleno respaldo –“Harry & Sally” é visto como a pedra fundamental do sub-gênero comédia romântica por ter revelado ao mundo a forma com que a atriz Meg Ryan se mostrava perfeita à categoria (ela construiu sua carreira durante a década de 1990 com filmes exclusivamente desse gênero), e por ser também um exemplo perfeito de como essa fórmula simples (e recriada à exaustão por filmes que vieram depois) pode funcionar plenamente quando executada com talento.

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