Harry Burns e Sally Albright se conheceram
ainda jovens, na pouco frutífera interação de uma longa carona –Harry era o
namorado de uma grande amiga para quem Sally prestou um favor levando-o até
Nova York.
Os anos se passaram com eles reencontrando-se
em outra situação: Um vôo interurbano no qual a interação foi ainda menos
satisfatória. Pois um punhado de anos precisou se passar –e com eles uma série
de relacionamentos frustrados de ambas as partes –para que os dois ao menos
concordassem em manter uma amizade.
Sem no entanto perceber que se amam.
Sem no entanto perceber que se amam.
Em princípio, portanto, o filme do diretor Rob
Reiner (do maravilhoso “Conta Comigo” e “A Princesa Prometida”) parece falar
sobre a tese chauvinista de que não existe amizade real entre homens e
mulheres. Só, em princípio: Seu objetivo, bem mais descontraído e espirituoso,
é avaliar as minúcias contraditórias e, não raro, engraçadas, dos
relacionamentos (atestado nas cenas que intercalam as passagens de tempo, e que mostram o depoimento de vários casais), especialmente nos momentos em que tais facetas se mostram
nítidas. Quando a atração e o interesse se expressa à revelia da consciência ou
mesmo do querer dos interessados.
Á frente do elenco (que inclui ainda, Carrie
Fisher, a princesa Léia de “Star Wars”), Billy Cristal e Meg Ryan exalam
química e simpatia –ele, preciso em seu timing cômico, o quê compensa o pouco
interesse que desperta no público feminino; ela, ótima no retrato tão cativante
quanto neurótico que pinta da mulher moderna nova-iorquina.
Uma seqüência em especial (famosíssima) ilustra
muito bem o humor ferino, equilibrado e pulsante que o filme irradia: Quando
Sally, diante das negativas Harry, prova para ele, no meio de uma lanchonete
lotada, que uma mulher pode, sim, fingir um orgasmo totalmente convincente.
Filmado pelo diretor Rob
Reiner como numa reprodução em todos os pormenores charmosos do estilo de Woody
Allen –intenção à qual o roteiro cheio de diálogos afiados de Nora Ephron dá
pleno respaldo –“Harry & Sally” é visto como a pedra fundamental do
sub-gênero comédia romântica por ter revelado ao mundo a forma com que a atriz
Meg Ryan se mostrava perfeita à categoria (ela construiu sua carreira durante a
década de 1990 com filmes exclusivamente desse gênero), e por ser também um
exemplo perfeito de como essa fórmula simples (e recriada à exaustão por filmes
que vieram depois) pode funcionar plenamente quando executada com talento.
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