O segundo filme estrelado pelo Superman de
Christopher Reeve, após o sucesso arrebatador do primeiro, sofreu de alguns
problemas de produção herdados do filme anterior: A visão intransigente do
diretor Richard Donner –na verdade, responsável direto pela excelência até hoje
flagrante daquele filme –encontrou a oposição dos produtores Alexander e Ilya
Salkind, que se ressentiram de não poder opinar no resultado final. Como
conseqüência disso, Donner foi afastado do segundo filme que já estava previsto
durante as filmagens do primeiro (algumas cenas eram feitas simultaneamente), e
cujo gancho narrativo se percebia já nos primeiros minutos de duração do filme
original: Quando Jor-El (Marlon Brando) captura Zod (Terence Stamp) e seus
asseclas e usa a tecnologia da Zona Fantasma para aprisioná-los.
Tendo Donner realizado cerca de 60 % do segundo
filme, restou ao operário padrão Richard Lester concluir o projeto com um
estilo burocrático e superficial que contrasta com a direção cheia de
personalidade de Donner (não coma mosca, basta ficar atento às cenas com Gene
Hackman, pois o ator deixou a produção quando Donner foi afastado!).
Nesta sua segunda aventura cinematográfica,
Superman precisa assim enfrentar os três kryptonianos refugiados de seu planeta
natal –libertados da Zona Fantasma por uma bomba nuclear que o próprio Superman
se vê obrigado à arremessar no espaço na espetacular cena que abre o filme –e que,
portanto, têm os mesmos poderes que ele. São eles, Ursa (Sarah Douglas), uma
mulher fria e cruel; Non (Jack O’ Halloran), um brutamontes silencioso e
amedrontador, e seu líder, o já citado General Zod (que Terence Stamp
interpreta com vigor incomum), um bandido sanguinário e impiedoso que jurou
vingança contra Jor-El e seus herdeiros.
Por uma alarmante ironia proporcionada pelo
primorosamente bem ajustado roteiro escrito por Mario Puzo, David e Leslie
Newman esses vilões chegam ao planeta Terra, dispostos a conquistá-lo
exatamente quando o próprio Superman, usando os maquinários kriptonianos à
disposição na longínqua Fortaleza da Solidão, abdica de seus poderes para
finalmente consumar seu amor por Lois Lane (Margot Kidder).
Tão esmerado como cinema quanto a obra anterior
e ainda mais elaborado como aventura, este segundo filme protagonizado por Christopher
Reeve, apesar dos problemas que lhe acarretaram uma vaga oscilação em ritmo e
tom, ainda é uma realização de primeira.
A ausência de Richard Donner só seria mesmo
sentida (dolorosamente sentida) no filme seguinte, o pouco memorável “Superman
3”, este sim inteiramente realizado por Lester.
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