Se existe algo que não deve ser levado em conta
no cinema comercial atual –em especial o norte-americano –são as verdades
históricas dos roteiros inspirados nas mitologias antigas.
Tomemos como exemplo este acelerado e
visualmente funcional “Imortais”: Toda sua trama é uma distorção grotesca da
mitologia grega e não corresponde a quase nada do que é ensinado nas salas de
aula.
Como entretenimento, porém, o trabalho do
diretor indiano Tarsem Singh Dhandwar (artesão de filmes díspares como o terror
“A Cela” e o infantil “Espelho, Espelho Meu”, cujo único ponto em comum é o
esmero visual) esforça-se em ser vibrante e, no que tange ao frenesi de suas
cenas de ação e ao clima convencional de um grande embate do bem contra mal,
até que consegue.
Vitoriosos de um confronto há muito tempo
travado contra os titãs, os deuses agora obedecem uma lei que os impede de
interferir no destino dos homens. Assistem, portanto, incapazes ao plano em
curso do colérico rei Hipérion (Mickey Rourke), antagonista de uma amargura
abissal que, indignado com os deuses, deseja libertar os titãs de sua prisão
nas profundezas do Monte Tártaro, para que dêem continuidade a sua guerra. Mas
os planos de Zeus (Luke Evans), o deus maior, envolvem o jovem camponês
bastardo e desacreditado Teseu (Henry Cavill), que ao lado de uma linda oráculo
(Freida Pinto, de "Quem Quer Ser Um Milionário"), um monge sem língua
e dois ladrões foragidos, deve conduzir o exército dos heleníacos até o Monte
Tártaro onde poderão tentar deter Hipérion e suas tropas.
O filme tem uma maneira muito inventiva de
contornar a limitação orçamentária, valendo-se de concepções visuais inusitadas
e inesperadas (e francamente funcionais). Sua grande fraqueza reside mesmo em
seu roteiro, não somente rudimentar como equivocado e esquemático, e na
insuficiência no tratamento de seqüências-chaves: O discurso final de Teseu em
direção à guerra é simplesmente constrangedor!
Apesar das grandes
liberdades poéticas em relação a mitologia grega o filme, que possui uma forte
influência visual de "300", de Zack Snyder, resulta melhor que
"Fúria de Titãs", de Louis Leterrier –a produção que, talvez, tenha
iniciado essa reciclagem de mitologias –embora todos esses projetos tenham
partido mesmo do sensacional “Fúria de Titãs” dos anos 1980.
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