Pode parecer absurdo diante da obra fenomenal
que é “Matar Ou Morrer”, de Fred Zinnemann, mas na época de seu lançamento
houve quem repudiasse a postura adotada pelo protagonista espetacularmente
vivido por Gary Cooper, assim como a ideologia pacifista por trás da premissa.
Para o diretor Howard Hawks e o astro John
Wayne –profundamente engajados com a política de extrema direita
norte-americana –a idéia de um xerife pedir por ajuda entre a população era
algo inadmissível, e juntos eles fizeram “Onde Começa O Inferno” como uma
resposta à essa produção que julgavam incorreta.
A despeito das motivações de ordem política e
ideológica dos realizadores, “Onde Começa O Inferno” é, assim como “Matar Ou
Morrer”, um dos grandes clássicos inquestionáveis do gênero.
O delegado John Chance (John Wayne) desafia o
temor absoluto que o grupo dos irmãos foras-da-lei Nathan e Joe Burdette
exercem na região, ao prender Joe (Claude Akins) depois que este mata um homem
no bar local.
Agora, com Joe cativo na cadeia, Chance precisa
conter os avanços de Nathan (John Russell) e de outras dezenas de pistoleiros
profissionais contratados. Em seu orgulho, ele reitera que os moradores não
devem se envolver em assuntos da lei –visto hoje, sem o conhecimento de todo o
alarde que resultou na criação do projeto, esse detalhe quase passa
despercebido –e conta com o auxílio, até a chegada de reforços vindos de
cidades maiores, apenas de seus três ajudantes: O incorrigível bêbado Dude
(Dean Martin, impagável), o ancião aleijado Stumpy (o grande Walter Brennan) e
o jovem entusiasmado Colorado Ryan (Ricky Nelson).
A dinâmica entre esses três
personagens –sobretudo, Chance e Dude –é deliciosa de se acompanhar em seus
pormenores humorados e tensos, e ainda resta espaço para um romance tímido com
a bela corista Feathers (Angie Dickinson, um par romântico consideravelmente
mais jovem do que Wayne), sem falar na trama principal, que envolve os
bandidões e que movimenta a envolvente narrativa deste filmaço até o fim.
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