Uma comédia que corresponde à visão normalmente
inclemente e corrosiva que o diretor Roman Polanski sempre presta ao ser humano
não poderia ser outra coisa senão uma comédia de humor negro. Dito isso, é até
bastante graciosa a narrativa que predomina durante a maior parte deste ensaio
sobre a luta injusta e impiedosa entre vampiros e caçadores de vampiros
(pontuada, sobretudo, por pequenos lances de observação sobre o comportamento
corriqueiro e doméstico de ambas as partes), e que dá uma boa idéia da visão
debochada de Polanski sobre o conceito unilateral do bem contra o mal.
Ele aparenta jogar luz sobre algo ainda arcaico
e imerso na escuridão quando acompanha a chegada de um veterano –e impagável
–caçador de vampiros (Jack MacGowran) e seu perplexo ainda que dedicado
ajudante (o próprio Polanski) à uma remota aldeia nas montanhas geladas da
Transilvânia.
Após um rapto ocorrer debaixo de suas próprias
barbas –e a vítima raptada em questão ser ainda a bela filha do dono da
hospedaria (a linda Sharon Tate) que minutos antes o ajudante, Alfred, cobiçava
durante o banho através de um buraco de fechadura –os dois têm de ir, com suas
tralhas e sua coragem (ou o pouco dela que lhes resta, no caso de Alfred), para
o reduto do líder dos vampiros, Conde Von Krolock (Ferdy Mayne, um ator
peculiar capaz de convencer seja em seu assombro ou em sua galhofa), localizado
nas imediações.
A maneira como Polanski
assimila a linguagem dos trabalhos da produtora Hammer –voltados, em sua grande
maioria, para filmes de vampiros –é admirável: São alusões narrativas e visuais
que indicam claramente que esta não é uma paródia no sentido debochado do
termo, mas um gracejo reverente e apaixonado.
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