sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A Dança dos Vampiros

Uma comédia que corresponde à visão normalmente inclemente e corrosiva que o diretor Roman Polanski sempre presta ao ser humano não poderia ser outra coisa senão uma comédia de humor negro. Dito isso, é até bastante graciosa a narrativa que predomina durante a maior parte deste ensaio sobre a luta injusta e impiedosa entre vampiros e caçadores de vampiros (pontuada, sobretudo, por pequenos lances de observação sobre o comportamento corriqueiro e doméstico de ambas as partes), e que dá uma boa idéia da visão debochada de Polanski sobre o conceito unilateral do bem contra o mal.
Ele aparenta jogar luz sobre algo ainda arcaico e imerso na escuridão quando acompanha a chegada de um veterano –e impagável –caçador de vampiros (Jack MacGowran) e seu perplexo ainda que dedicado ajudante (o próprio Polanski) à uma remota aldeia nas montanhas geladas da Transilvânia.
Após um rapto ocorrer debaixo de suas próprias barbas –e a vítima raptada em questão ser ainda a bela filha do dono da hospedaria (a linda Sharon Tate) que minutos antes o ajudante, Alfred, cobiçava durante o banho através de um buraco de fechadura –os dois têm de ir, com suas tralhas e sua coragem (ou o pouco dela que lhes resta, no caso de Alfred), para o reduto do líder dos vampiros, Conde Von Krolock (Ferdy Mayne, um ator peculiar capaz de convencer seja em seu assombro ou em sua galhofa), localizado nas imediações.
A maneira como Polanski assimila a linguagem dos trabalhos da produtora Hammer –voltados, em sua grande maioria, para filmes de vampiros –é admirável: São alusões narrativas e visuais que indicam claramente que esta não é uma paródia no sentido debochado do termo, mas um gracejo reverente e apaixonado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário