quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Boogie Nights - Prazer Sem Limites

Em seus três primeiros filmes, Paul Thomas Anderson criou distorções perturbadoras de um mesmo tema: Um grupo de marginais, ora em atrito, ora em paralelo com o difícil fato de existir no contexto em que estão inseridos.
Se em seu primeiro trabalho, “Hard Eight”, seus personagens eram a fauna de caóticos habitantes de um cassino, e em seu terceiro, “Magnólia”, eles eram seres peculiares arremessados num pesadelo urbano da vida real, em seu segundo trabalho –aquele no qual a indústria e a crítica especializada começou a reparar nele –o exuberante “Boogie Nights-Prazer Sem Limites”, esses personagens eram personificações de bizarros seres humanos que vivem no universo do cinema pornô.
Apesar do grande número de personagens (característica em muitos dos filmes de Anderson), o centro do filme é o jovem aspirante a ator, Eddie Adams que, ao adotar o pseudônimo artístico de Dirk Diggler (Mark Whalberg, numa das primeiras chances em sua carreira de demonstrar talento real) mostra-se inicialmente deslumbrado com o fato de se tornar um astro pornô: Ele é apadrinhado pelo diretor Jack Horner (vivido com euforia renovada e genuína pelo veterano Burt Reynolds) que graças ao seu pênis descomunal (!) o coloca como astros em uma profusão de produções feitas por sua equipe que, ao lado do elenco regular de beldades (que inclui Julianne Moore e Heather Graham) e outras pessoas formavam todos uma espécie de família.
Aos poucos, Diggler se deixa levar pelos excessos daquele período, inclusive pelas drogas, numa clara referência ao ator John Holmes, ícone do gênero falecido na década de 1980, vítima da AIDS.

“Boogie Nights” é então um mosaico colorido e disforme, riquíssimo em dramaturgia e observação, um retrato meio cômico meio dramático da indústria pornô dos anos 1970 (trecho mais radiante e animado do flme) e início dos anos 1980 (sua parte mais sombria) quando a transição para as novas mídias de então (o Betamax e o VHS) trouxe a decadência aos astros daquele gênero.

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