Já em seus primeiros minutos de duração fica
óbvia, em “Olhos de Gato”, a procedência de Stephen King em sua autoria: Não
apenas porque o seu nome aparece logo após o do produtor Dino De Laurentis, mas
porque o gato –o animal que unirá as três histórias que serão contadas
–cruza-se de imediato com o psicótico cão da raça São Bernardo de “Cujo” e com
o carro assombrado de “Christine” –duas adaptações de King bastante populares
naquela época, 1985.
Não só o gato, mas a então pequena atriz Drew
Barrymore também tem presença (ou seria melhor dizer, onipresença!), ao longo
do filme: Ela surge como uma espécie de aparição que orienta o felino em sua
trajetória, como a filha do personagem James Woods no primeiro conto e como a
jovem protagonista do terceiro e último.
Roteirizado com palpitante humor negro pelo
próprio Stephen King (que agrega outras auto-referências como um exemplar de
“Cemitério Maldito” sendo lido por uma personagem em dado momento e o cúmulo de
batizar a escola que aparece em uma cena como “ Saint Stephen’s School”!), o
filme começa com a sarcástica e macabra história na qual Dick (o talentoso
James Woods) tenta deixar ser um fumante inveterado. Para tanto, entra num
programa radical onde homens treinados com o sangue frio de agente do FBI o
seguirão (e o intimidarão) dia e noite. Ao primeiro sinal de recaída tabagista
as conseqüências serão, portanto, muito mais terríveis do que ele imagina.
Após esse segmento transcorrido em Nova York, a
narrativa algo burocrática do diretor Lewis Teague acompanha o gato indo para
Atlantic City. Lá, ele é pego por Cressner (Kenneth McMillan), um dos
apostadores compulsivos da cidade. Tudo para Cressner é motivo para aposta –e tão
mais excitante lhe parece se flerta com o perigo ou com o crime.
É esse o caso quando seus capangas capturam
Norris (Robert Hays, de “Apertem Os Cintos, O Piloto Sumiu!”), um tenista
amante de sua mulher e que ainda por cima planeja fugir com uma certa grana.
Esse dinheiro estará à sua disposição, sugere Cressner, se Norris topar um
desafio: Percorrer o parapeito exterior da cobertura do prédio onde Cressner
mora, de um lado a outro, sem deixar-se desequilibrar (e, no caso, morrer).
Feito isso, Norris estará livre, mas a tarefa é executada com toda riqueza de
detalhes sádicos e dolorosos que é comum a Stephen King.
Ao fim dessa trama, o gato vai parar, mais uma
vez, em outra cidade, desta vez, Wilmington, onde sua participação na história
ganhará um protagonismo muito maior do que tivera nas outras: Ele será o único
que pode ajudar uma garotinha (Drew Barrymore, novamente) a proteger-se das
aparições sinistras de um duende maligno que lhe mata o passarinho de estimação
e deseja tirar-lhe o fôlego, sufocando-a –a despeito do fato de os pais se
mostrarem displicentes e de que a culpa por essas peraltices acaba caindo nas
costas do próprio gato! O técnico de efeitos especiais responsável pelo
interessantíssimo resultado envolvendo o duende nessa última trama (certamente
a melhor delas) é o festejado Carlo Rambaldi que concebeu a criatura de “E.T. O
Extraterrestre” –veja só, com a própria Drew! –e o monstro do perturbador e
espetacular “Possessão”.
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