terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Olhos de Gato

Já em seus primeiros minutos de duração fica óbvia, em “Olhos de Gato”, a procedência de Stephen King em sua autoria: Não apenas porque o seu nome aparece logo após o do produtor Dino De Laurentis, mas porque o gato –o animal que unirá as três histórias que serão contadas –cruza-se de imediato com o psicótico cão da raça São Bernardo de “Cujo” e com o carro assombrado de “Christine” –duas adaptações de King bastante populares naquela época, 1985.
Não só o gato, mas a então pequena atriz Drew Barrymore também tem presença (ou seria melhor dizer, onipresença!), ao longo do filme: Ela surge como uma espécie de aparição que orienta o felino em sua trajetória, como a filha do personagem James Woods no primeiro conto e como a jovem protagonista do terceiro e último.
Roteirizado com palpitante humor negro pelo próprio Stephen King (que agrega outras auto-referências como um exemplar de “Cemitério Maldito” sendo lido por uma personagem em dado momento e o cúmulo de batizar a escola que aparece em uma cena como “ Saint Stephen’s School”!), o filme começa com a sarcástica e macabra história na qual Dick (o talentoso James Woods) tenta deixar ser um fumante inveterado. Para tanto, entra num programa radical onde homens treinados com o sangue frio de agente do FBI o seguirão (e o intimidarão) dia e noite. Ao primeiro sinal de recaída tabagista as conseqüências serão, portanto, muito mais terríveis do que ele imagina.
Após esse segmento transcorrido em Nova York, a narrativa algo burocrática do diretor Lewis Teague acompanha o gato indo para Atlantic City. Lá, ele é pego por Cressner (Kenneth McMillan), um dos apostadores compulsivos da cidade. Tudo para Cressner é motivo para aposta –e tão mais excitante lhe parece se flerta com o perigo ou com o crime.
É esse o caso quando seus capangas capturam Norris (Robert Hays, de “Apertem Os Cintos, O Piloto Sumiu!”), um tenista amante de sua mulher e que ainda por cima planeja fugir com uma certa grana. Esse dinheiro estará à sua disposição, sugere Cressner, se Norris topar um desafio: Percorrer o parapeito exterior da cobertura do prédio onde Cressner mora, de um lado a outro, sem deixar-se desequilibrar (e, no caso, morrer). Feito isso, Norris estará livre, mas a tarefa é executada com toda riqueza de detalhes sádicos e dolorosos que é comum a Stephen King.

Ao fim dessa trama, o gato vai parar, mais uma vez, em outra cidade, desta vez, Wilmington, onde sua participação na história ganhará um protagonismo muito maior do que tivera nas outras: Ele será o único que pode ajudar uma garotinha (Drew Barrymore, novamente) a proteger-se das aparições sinistras de um duende maligno que lhe mata o passarinho de estimação e deseja tirar-lhe o fôlego, sufocando-a –a despeito do fato de os pais se mostrarem displicentes e de que a culpa por essas peraltices acaba caindo nas costas do próprio gato! O técnico de efeitos especiais responsável pelo interessantíssimo resultado envolvendo o duende nessa última trama (certamente a melhor delas) é o festejado Carlo Rambaldi que concebeu a criatura de “E.T. O Extraterrestre” –veja só, com a própria Drew! –e o monstro do perturbador e espetacular “Possessão”.

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