sexta-feira, 16 de março de 2018

A Última Fortaleza

O ex-crítico de cinema, Rob Lurie, ao lançar-se na carreira de diretor jamais tentou esconder as influências para as quais pendia o seu gosto pessoal: Lurie é um diretor que aprecia tramas que envolvem o embate, seja ideológico, seja físico, entre antagonistas que representam também doutrinas muito específicas acerca de suas posturas. E o fator que define a vitória de um sobre o outro, com freqüência, se revela a tenacidade, a rigidez de princípios, o orgulho –um cinema que remete muito à masculinidade latente das obras de Sam Peckinpah, Don Siegel e Samuel Fuller.
“A Última Fortaleza”, a despeito da discutível equiparação a obras potencialmente melhores do próprio Lurie, é o mais significativo para com essa atitude como contador de histórias. Ambientando seu filme num presídio –e, dessa forma, irmanando-o a toda uma tradição de grandes obras como “Alcatraz-Fuga Impossível” e “Rebeldia Indomável” –Lurie urgiu um trabalho notável que embora respira diversas referências cinematográficas traz um dinamismo próprio.
O veterano Robert Redford interpreta Eugene Irwin, um lendário general do exército americano, condenado a prisão por motivos que nunca ficam muito claros. Ele é encaminhado a uma penitenciária militar, e sua chegada se dá através de uma cena que nitidamente reverencia “UmSonho de Liberdade” –o audaz movimento de câmera panorâmico que acompanha o ônibus que leva detentos até ele chegar ao seu destino.
Recebido inicialmente com respeito e admiração acarretados pelo folclore em torno de seu nome e sua famosa percepção de tática e estratégia, Irwin parece indiferente à bajulação que vem, inclusive, do diretor do lugar (James Gandolfini). Ele deseja apenas cumprir sua pena, passando despercebido entre os detentos como mais um indivíduo de lá.
Não conseguirá.
Logo, sua postura o fará entrar em atrito com o diretor, e a narrativa de Lurie irá valer-se dessa estrutura de roteiro para emular vários outros filmes de prisão pelos quais nutre tanto apreço.
Após a descoberta de atitudes inumanas e inadmissíveis para com seus detentos, Irwin decide fazer aquilo que os inúmeros encarcerados já esperam dele; Liderá-los. O frágil equilíbrio de forças leva então ao planejamento de um motim, e Irwin poderá mostrar ao diretor do presídio toda sua habilidade em estratégia (e o diretor Lurie, sua desenvoltura no manejo de seqüências de ação) numa rebelião implacável e eletrizante que consome o trecho final do filme.

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