terça-feira, 27 de março de 2018

Operação Corvo 2

O primeiro “Operação Corvo” passava longe de ser um dos melhores trabalhos do grande Takashi Miike, contudo, seu apelo junto ao público jovem foi o bastante para justificar uma continuação –e é a esse público jovem que o diretor sinaliza com a caracterização deste segundo filme, ainda mais convicta, potencializada e radical do que no original: São vestimentas descoladas, poses e atitudes marrentas, muros e paredes incondicionalmente pichados, informações visuais por toda parte, o mundo e suas extensões convertidos num universo em contexto de rebeldia juvenil.
Mesmo os personagens adultos que ocasionalmente fazem intervenções na narrativa possuem um comportamento que praticamente não se distingue da postura dos jovens protagonistas: Todos querem uns se vingar dos outros; ajustarem suas contas. E a via por onde se dá esse ajuste é, num eco que ressoa em toda filmografia de Miike, a violência.
Dois anos após ter obtido a liderança na Escola Suzuran Boys High (que parece mais um cenário pós-apocalíptico e não uma escola), o feroz Genji coloca em risco uma trégua que os Corvos (como são chamados os membros do grupo de Suzuran) mantinham com a gangue rival da Escola Hosen.
Para enfrentar esses novos adversários, Genji –bom de briga, mas ruim de diplomacia –terá de unificar toda a Suzuran, o quê significa arregimentar como aliados todos aqueles que ele teve de enfrentar no primeiro filme, incluindo aí seu antigo inimigo, Tamao, o ex-líder da Suzuran.
Ainda mais inclinado à banalidade adolescente que no primeiro filme –e tão repetitiva e redundante é sua trama que sequer necessita de uma cena como o ‘boliche humano’ para isso –este “Operação Corvo 2”, ainda que baseado no mangá de Hiroshi Takahashi, lembra mais um videogame, na estrutura de ‘fases’ que sua narrativa assume no terço final com o claro e maniqueísta propósito de apresentar um vilão mais forte a cada avanço dos protagonistas.
Isso e a repetição exaustiva de cenas de luta chegam a prejudicar o resultado do filme, que seria medíocre não fosse a habilidade de Takashi Miike na direção.

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