Jornada Nas Estrelas-O Filme
Com o sucesso esmagador do primeiro “Star Wars”, na década de 1970, não tardou para que cada um dos estúdios de Hollywood
procurassem por sua própria saga espacial. Possivelmente a única franquia com
pedigree nesses termos era “Jornada Nas Estrelas” –ou “Star Trek” –dos estúdios
da Paramount, que tratou de abortar os planos da uma nova temporada para a série e expandiu o
escopo e a ambição para fazer o primeiro longa-metragem para cinema adaptado da
cultuada obra televisiva criada por Gene Rodenberry.
Para dirigi-lo, um suposto especialista no
assunto, o veterano Robert Wise, co-diretor (e ganhador do Oscar) de “Amor,
Sublime, Amor”, e realizador da clássica ficção “O Dia Em Que A Terra Parou”
–certamente o crédito que o gabaritou para este trabalho.
Sua trama, bastante esquemática, sofre as
pressões do sistema de produção comercial de então e da tentativa em tatear em
cinema uma linguagem que antes pertencia à telinha: A nave interplanetária USS
Enterprise, totalmente reformada e de volta à atividade com sua tripulação
original comandada pelo almirante Kirk (William Shatner), é atraída em pleno
espaço por força maligna que ameaça a Terra.
Faltou, neste primeiro filme, aos produtores a
sensatez de entender que Robert Wise, por mais inspirador que tivesse sido em
seus filmes anteriores, não pertencia às novas gerações de cineastas capazes de
urgir conceitos e narrativas que falassem a essa nova geração de expectadores
–às quais George Lucas e sua saga se conectaram com primor.
Jornada Nas Estrelas-A Ira de Khan
Ainda assim, esse novo esforço em verter “Star
Trek” para os cinemas interessou o público e sensibilizou a crítica o
suficiente para que um segundo filme fosse planejado e, desta vez, aos trancos
e barrancos, os produtores estavam dispostos a resgatar, na tela grande, os
valores que faziam da marca um fenômeno na TV e, especialmente, conceber a
partir daqui, um esqueleto narrativo que não se restringisse a um filme só,
sinalizando uma ampla saga estendida por vários outros filmes.
Daí o grande vilão deste segundo filme ser
oriundo direto do seriado e um dos prediletos dos fãs: O inimigo jurado da
Federação Galáctica, até então exilado num planeta arenoso, Khan, vivido com
fulgor canhestro por Ricardo Montalban.
Passado alguns anos de seu exílio, Khan planeja
um golpe brutal contra seus inimigos, sobretudo o Almirante James T. Kirk,
comandante da nave Enterprise, e seu grande adversário do passado.
É neste segundo filme para cinema que se inicia
uma espécie de reformulação capitaneada pelo diretor Nicholas Meyer: A de
militarizar muitos dos conceitos até então pacifistas da série televisiva
imaginada por Gene Rodenberry, obtendo um resultado bem superior ao filme
anterior.
Jornada Nas Estrelas-À Procura de Spock
Embora houvessem declarações esporádicas
inclusive do próprio Leonard Nimoy, o honorável intérprete do Dr. Spock, de que
cada filme de “Star Trek” deveria ter sido o último, são inegáveis os elementos
de “A Ira de Khan” que funcionam como ganchos narrativos que levam diretamente
a este terceiro filme: A trágica morte do Senhor Spock. O misterioso
procedimento que ele fez, pouco antes de morrer, em McCoy (DeForest Kelley) e a
pouco explorada questão do planeta artificial Gênesis.
Assumindo o posto de direção deixado vago por
Nicholas Meyer, o ator Leonard Nimoy conduz este trabalho com alguma cautela
excessiva, mas com admirável noção de ritmo e de desempenho.
Após a perda de Spock no fim do filme anterior,
a tripulação da nave Enterprise parece ligeiramente fora de rumo.
Entretanto, talvez haja uma esperança muito
remota e arriscada para, de alguma forma, reaver Spock. Antes de sacrificar-se
ele deixou sua consciência e suas memórias na mente do Doutor "Magro"
McCoy, que desde então parece ter perdido uns parafusos. Agora,
clandestinamente e sem o aval da Federação, Kirk e os outros precisam confiscar
uma nave e rumar para o misterioso planeta Gênesis, onde aparentemente se
encontram as respostas para o retorno de Spock.
Jornada Nas Estrelas-A Volta Para Casa
Continuando basicamente do ponto de interseção
em que “À Procura de Spock” acabou (com a tripulação lidera por Kirk
desobedecendo ordens oficiais numa condição de renegados), e retomando a função
como diretor –desta vez, visivelmente mais a vontade ao lidar com o material
–Leonard Nimoy realizou um entretenimento divertido, ágil e saboroso, dominando
prodigiosamente a fórmula dos filmes da série e entregando uma mescla
equilibrada de aventura, ação e humor.
É, com méritos, um dos filmes de "Jornada
Nas Estrelas" mais festejado pelos fãs.
Sem saber como seus membros serão recebidos, a
outrora tripulação da USS Enterprise, liderada pelo ex-almirante Kirk, retorna
para a Terra a bordo de uma nave Klingon –pilotada pelos vilões derrotados no
filme anterior.
Contudo, a Terra enfrenta complicações: Uma
raça alienígena sitiou nosso planeta ameaçando bombardeá-lo caso não recebam
uma resposta. O idioma dos alienígenas, porém, lembra a comunicação feita por
baleias que a muito já estão extintas.
Sendo assim, cabe a Kirk e sua tripulação
voltar no tempo, no presente (que, para todos os efeitos era a década de 1980),
para encontrar as tais baleias, e levá-las ao futuro, onde poderão fazer o
papel de "diplomatas da Terra".
Jornada Nas Estrelas-A Última Fronteira
O enredo iniciado em “A Ira de Khan” havia sido
maravilhosamente aproveitado e ramificado nos últimos três (e ótimos) filmes da
saga.
Embora não houvesse material previsto para dar
continuidade, o sucesso de bilheteria e o carinho dos fãs levaram o estúdio a
logo encaminhar um quinto filme, desta vez, a estréia na direção de William
Shatner, o próprio capitão Kirk.
Uma pena que, ao contrário de Leonard Nimoy,
Shatner não possuía maiores noções de espetáculo, ou mesmo de plausibilidade e
coerência –todos são elementos essenciais que faltam à narrativa deste filme
frouxo, equivocado e banal.
A bordo da USS Enterprise, o capitão Kirk e sua
tripulação deparam-se com um grupo dissidente de vulcanos (a mesma raça do
Senhor Spock) que não só reclamam para si o direito sobre a plenitude das
emoções como querem também partir para o que seria o centro do universo, e lá
encontrar Deus.
Dono da ingrata tarefa de suceder uma das mais
aclamadas produções de toda a saga (porém, ineficaz e falho mesmo destituído
desse fator), este novo episódio foi tido como o mais fraco dos filmes da
série.
Jornada Nas Estrelas-A Terra Desconhecida
Já no início da década de 1990 –e com seu
elenco cada vez mais envelhecido –o diretor de “A Ira de Khan”, Nicholas Meyer,
voltou para fazer uma espécie de despedida da saga e dos seus personagens.
Uma cataclisma ameaça seriamente de extinção a
raça dos Klingons –um evento histórico para o cânone da saga (cortesia do
roteiro escrito pelo próprio Leonard Nimoy) que começava a conectar esta versão
com acontecimentos presentes na série “Jornada Nas Estrelas-A Nova Geração”,
que fez sucesso na TV nos anos 1980 e 90.
Outrora inimigos da Federação dos Planetas
Unidos, a raça de guerreiros rudes agora deve se submeter às regras
diplomáticas da Federação Galáctica para sobreviver uma vez que seu planeta
fora destruído. Um dos oficiais requisitados para mediar o histórico encontro é
o capitão James Kirk, que já tivera muitos atritos com os Klingons no passado,
e se encontra a beira da aposentadoria.
No entanto, durante a ocasião, uma sabotagem na
Enterprise provoca um mal-estar diplomático cuja culpa recai sobre Kirk e seu
médico, o Doutor McCoy. Spock e os outros devem, portanto, salvar Kirk e McCoy,
descobrir o sabotador entre a tripulação e ainda deter uma conspiração para
minar o acordo de paz entre os Klingons e a Federação.
Certamente uma despedida digna e com uma cena
final emocionante, contudo, apesar da sugestão a frente e atrás das câmeras de
que este seria o último filme, não foi bem assim...
Jornada Nas Estrelas-Gerações
Como forma de fazer uma espécie de transição –e
nada mais que isso –entre a velha geração (leia-se, Kirk e sua turma) e a nova
(o Capitão Jean Luc Piccard e novos personagens que protagonizavam a nova e
bem-sucedida série televisiva) foi lançado em 1994, sem maiores alardes este
filme transitório dirigido pelo inexpressivo David Carson.
Isso porque, da tripulação original da
Enterprise, sobrou pouco mais que o Capitão Kirk –Nimoy, como Spock, e DeForest
Kelley, o McCoy, não voltaram por questões de contrato sobrando apenas os
intérpretes de Scotty (James Doohan) e Chekov (Walter Koenig) –o que torna este
encontro entre personagens distintos como Kirk e Piccard (separados por cerca
de 100 anos, o que exige do roteiro uma explicação meio furada de viagem no
tempo) um exercício de expectativa desperdiçada.
Em perseguição ao vilão Soran (Malcolm McDowell
que, depois de “Laranja Mecânica” e “Calígula” só se encaixa à perfeição nesse
tipo de papel), o capitão Piccard e sua tripulação chegam até o misterioso
lugar denominado Nexus, uma região feita de energia onde o espaço e o tempo não
estão completamente definidos –recurso narrativo que permite assim o encontro
entre os dois núcleos tão cronologicamente longínquos de protagonistas.
É lógico, portanto, que a mesma região Nexus
irá atrair Kirk e, em determinado ponto, ele e Piccard irão unir forças para
enfrentar o vilão.
Mais: A tocha, digamos, de heroísmo da série
enquanto cinema será assim passado oficialmente de um para outro. E sobram
assim pouquíssimas coisas, neste filmes dos mais irregulares, que de fato
peguem de surpresa o expectador: Os lances pretensamente mais importantes de
seu roteiro –como a morte de Kirk –são também os mais óbvios.
Jornada Nas Estrelas-Primeiro Contato
Após o pra lá de mediano filme anterior, a
equipe da nova geração, devidamente introduzida ganhou um filme para chamar de
seu.
E o diretor Jonathan Frakes, um dos membros do
elenco, não economizou esforços para fazer deste um trabalho de insuspeita
qualidade, recorrendo inclusive ao mesmo artifício que garantiu à série de TV,
da qual todos eram oriundos, uma sobrevida que o alavancou para além das
comparações com a série original: Os temíveis e vilanescos Borgs, cuja peculiar
característica é a da converter todos os organismos vivos em entidades
similares a eles mesmos.
Responsáveis por rechaçar um ataque menor
desses tenebrosos alienígenas à Terra, o capitão Jean Luc Piccard (Patrick
Stewart, o Prof. Xavier de “X-Men”) e sua tripulação à bordo da nave
Enterprise, vêem-se na condição de serem os únicos capazes de deter um plano muito
maior de dominação da Terra: Os Borgs planejam voltar no tempo, no dia do
histórico primeiro contato da raça humana com outras inteligências
extra-terrestres, o que incluirá a Terra na Federação Galáctica dos Planetas
Unidos, e impedir que isso aconteça, deixando a Terra muito mais suscetível a
uma invasão alienígena.
Piccard conduz assim a Enterprise ao passado, a
fim de frustrar os planos inimigos, bem como também acertar uma antiga richa
que tem com os Borgs.
Embora passe longe do brilhantismo visto,
sobretudo, em “A Ira de Khan” e “A Volta Para Casa”, este primeiro
longa-metragem inteiramente pertencente à Nova Geração de "Star
Trek", foi muito bem sucedido e realizado, viabilizando novos filmes
protagonizados por Piccard e sua tripulação.
Jornada Nas Estrelas-Insurreição
O diretor Jonathan Frakes (e que, numa curiosa
tradição de “Star Trek” vinha a ser intérprete também de um dos personagens, o
oficial William T. Riker) retornar para dirigir este novo filme disposto a
mudar uma outra e curiosa ‘tradição’ da série: A de que os filmes de número
ímpar (este é o nono) seriam sempre ruins e os de número par são sempre bons.
E este novo filme já traz um enredo que faz
referência direta a uma das principais diretrizes da Federação Galáctica, desde
os tempos da antiga tripulação: A de que nenhuma tripulação de uma nave da
Frota Estelar deve interferir nos rumos de uma cultura ou civilização.
É, portanto, um tremendo impasse com o qual o
Capitão Piccard se defronta: Cumprir suas ordens e ignorar a ameaça aos
habitantes do planeta Ba’ Ku? Ou seguir sua consciência e ajudá-los, rompendo
com a própria Federação Galáctica no processo?
Jornada Nas Estrelas-Nêmesis
Neste que é o décimo longa-metragem de
"Jornada Nas Estrelas", a produção lança mão de alguns elementos para
se adaptar às novas fórmulas do cinema comercial, como a escalação do diretor
de ação Stuart Baird (realizador de “Momento Crítico” e montador de obras como
“007-Cassino Royale” e “Máquina Mortífera”), do dramaturgo John Logan como
roteirista e (a mais equivocada de todas) uma campanha de marketing na qual
“Nêmesis” era vendido ao público sem detalhes mais informativos de que fazia
parte de “Star Trek”.
A indiferença generalizada do público nas
bilheterias terminou fazendo deste o último filme desse segmento de “Star
Trek”.
Em meio às festividades do casamento de William
Riker e Deanna Troi (Marina Sirtis), um casal de membros da tripulação da USS
Enterprise, o capitão Jean-Luc Piccard recebe uma grande notícia: seu nome foi
apontado para servir de porta-voz da Federação durante o aguardado e
importantíssimo acordo de paz dos Romulanos.
Os eventos, porém, como rege a cartilha do
cinema comercial, não serão tão simples e nem tão tranqüilos. De tocaia nas
proximidades do Império Romulano estão inimigos que têm engendrados planos para
ameaçar esse acordo. Mais que isso eles têm um às na manga: Um jovem que na
realidade é o próprio Piccard clonado! –repare num ainda muito jovem Tom Hardy
no papel de clone.
Encerrando de forma um pouco desapercebida e
não muito digna essa fase de “Star Trek” nos cinemas, “Nêmesis” foi o último
filme realizado tendo por esteio todos os anteriores –partindo do princípio que
eles todos se conectavam.
Só em 2009 (portanto, sete
anos depois deste filme), “Star Trek” seria reiniciada com todas as letras
ganhando uma nova e turbinada versão pelo diretor J.J. Abrahams, enfim
atrevendo-se a trazer um novo elenco (e, por que não, uma nova abordagem) para
tão icônicos personagens.
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