Difícil dizer se este filme do ex-crítico de
cinema Rob Lurie é uma crítica aos aspectos unilaterais do jornalismo ou uma
ode à postura constrita de alguns profissionais.
O que dá para dizer é que, em algum ponto até
chegar na relevância que almejou, ele perdeu-se no caminho.
Na trama na instiga indiferença no expectador,
pelo contrário, a impressão é que seu resultado é inverso ao que a história
quer demandar.
Temos aqui uma jornalista americana (Kate
Beckinsale, mais a vontade em maluquices como “Anjos da Noite”) cuja reportagem
bombástica por ela publicada expõe uma agente secreta da CIA (Vera Farmiga, de
“Amor Sem Escalas”).
Pressionada pelos representantes do governo,
interessados em detectar imediatamente um traidor entre seus funcionários, a
jornalista é levada a julgamento por acobertar a delatação ao alegar fidelidade
à sua fonte. Dos tribunais ela é levada à detenção, onde é mantida graças às
maquinações governamentais enquanto assiste com o passar do tempo, o
esfacelamento de seu casamento e da relação com o filho.
O diretor Rob Lurie retoma um tema similar ao
da sua estréia no ótimo "A Conspiração", o das implicações éticas e
morais no plano político, quando o direito individual sofre uma pressão além de
seus limites. Mas naquele filme ele tinha a ótima Joan Allen.
Aqui a protagonista é a bela, porém pouco capaz
Kate Beckinsale.
Mais; O elenco de apoio é
povoado por boas escolhas (há Matt Dillon, ótimo no papel de procurador
federal, o impecável veterano Alan Alda, e a sensacional Vera Farmiga numa
participação mais curta do que gostaríamos –pensando bem, ela é quem deveria
ser a protagonista), entretanto, como a partir de um determinado ponto todos
depõem contra a personagem principal: O filme de Lurie sofre de um
desequilíbrio que tira a funcionalidade de sua narrativa –o expectador
simpatiza com os coadjuvantes, muitos colocados ali com função antagônica, e se
ressente com a irritante protagonista a ponto de vibrar com as fatalidades de
seu destino, que deveriam soar dramáticas.
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