Exemplo perfeito da capacidade do produtor (e
roteirista, e diretor!) John Hugues em capturar na simplicidade de um enredo
óbvio, quase clichê, os elementos que fazem uma comédia de adornos clássicos
–em parte graças aos talentos cômicos muito bem explorados de Steve Martin e do
falecido John Candy.
Fugindo do habitual retrato da angústia
adolescente que tão bem pintou nos anos 1980 em filmes bem-sucedidos (e hoje
cultuados) como “Curtindo A Vida Adoidado”, “O Clube dos Cinco” e “A Garota de
Rosa Shocking”, Hugues opta aqui por um ponto de partida tão objetivo que
poderia pertencer a um desenho animado (outra característica de Hugues como
contador de histórias): O atarefado Neal Page (Steve Martin) tem pouco tempo
para voltar para casa e passar o feriado de Ação de Graças junto da família.
Mas, ele está quase do outro lado do país! A chance de pegar um vôo que lhe
deixasse convenientemente a tempo na cidade onde mora foi perdida graças a um
transeunte mais esperto que ele (vivido por Kevin Bacon, numa rápida participação)
que tomou o táxi que o levaria ao aeroporto.
O caminho para casa, dessa forma, precisa ser
traçado por rotas mais árduas: De trem, de carro e de carona, através das
rodovias e ferrovias norte-americanas. Entretanto, tudo complica ainda mais
quando Neal percebe que tem um companheiro em potencial para a jornada: O
espaçoso, destrambelhado e atrapalhado vendedor itinerante vivido brilhantemente
por John Candy. Neal enxerga nele a encrenca ambulante que é, e em princípio,
faz o possível para em vão evitar sua presença –e a ficção é cheia de
estraga-prazeres assim; personagens que não querem estar onde todos sabem que a
premissa os levará.
Formando uma dupla afiada, os dois protagonizam
assim, talvez, o mais hilariante e cartunesco road-movie já realizado –nunca um
exemplar desse sub-gênero se dedicou tanto à comédia quanto este. Ainda que seu
desfecho –tornado memorável pela melodiosa música do grupo Power To Believe
–traga ao filme um pitada imprevista de tristeza e emoção.
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