Agraciado com a belíssima fotografia do mestre
Vitorio Storaro (de “Apocalypse Now” e muitas das produções de Bernardo
Bertolucci), este incomum suspense italiano estrelado pela brasileira Florinda
Bolkan agrega elementos inusitados em sua premissa como a inicialmente intrigante
cena de abertura, na qual vemos uma nave que pousa na Lua, onde um astronauta é
abandonado.
A cena (mesmo contando com a ilustre ponta de
Klaus Kinski) aparentemente não tem nada a ver com o filme que se inicia depois
dela: Alice (Florinda) acorda de um sonho. Ela é uma portuguesa que leciona na
Itália, e trabalha ocasionalmente como intérprete em reuniões diplomáticas.
Ele identifica algo intrigante quando percebe
que houve um lapso de três dias em sua vida: Sem que ela percebesse, a memória
desses últimos dias se perdeu completamente, e seus amigos e conhecidos não
tiveram qualquer notícia dela.
Abalada com esse fato, ela persegue pistas do
que pode ter se passado nesses dias que esqueceu (como um misterioso
cartão-postal rasgado em seu apartamento) e termina indo parar num hotel em
Carma, onde é reconhecida por vários transeuntes (sem que possa deles se lembrar)
que a chamam pelo nome de Nicole (!).
Com sua busca cada vez mais engolfada por um
clima de pesadelo proporcionado pela direção de Luigi Bazzoni, ela começa a
duvidar da própria sanidade a medida que caminha em direção à verdades
perturbadoras.
Em algum momento desse autêntico delírio, essa
emulação algo desleixada, mas não isenta de mérito de Hitchcock irá retomar a
intrigante situação inicial do astronauta, que desde então vinha intercalando a
trama sem, no entanto, apresentar qualquer ligação plausível com ela.
Falta a Luigi Bazzoni a capacidade para urgir
os diferentes elementos desse plot num só arremate harmonioso –elemento essencial
para um diretor conduzir com habilidade um suspense –mas, ele compensa esse
lapso com uma noção admirável de ritmo e diversas sequências de caprichado
enquadramento visual.
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