quinta-feira, 19 de julho de 2018

Caçadores de Emoção


Mesmo quando ainda não tinha diante de si os predicados do reconhecimento da crítica e das premiações (o quê veio com “Guerra Ao Terror”), a diretora Kathryn Bigelow sempre foi hábil e talentosa –e, contrariando as impressões gerais suscitadas por realizadoras mulheres, uma de suas especialidades era no terreno bem masculino dos filmes de ação.
Certamente, “Caçadores de Emoção” é um dos grandes responsáveis por isso.
Sua dupla de protagonistas reunia basicamente um proeminente jovem em ascensão (Keanu Reeves) que unia de maneira rara a simpatia de parte da crítica, que enxergava suas qualidades como ator, e o interesse do público feminino (para o qual a cena inicial –um treinamento debaixo da chuva com camisa molhada e musculatura em evidência –certamente foi feita); e um fulgurante astro do período (o saudoso Patrick Swayze), garantia certa de bilheterias, recém-saído do maior êxito de sua carreira (no caso, “Ghost-Do Outro Lado da Vida”) e, também ele, unindo habilmente a capacidade de bem atuar com o apelo junto às mulheres.
De lambuja, Swayze ainda encarou um inesperado papel de vilão, que ele assumiu com o entusiasmo e a euforia de um ator que, depois de tanto tempo, enfim, sentiu-se desafiado.
A trama de “Caçadores de Emoção” não traz maiores novidades –mas, sabe extrair dessa mesma simplicidade os elementos que fazem seu charme: Uma audaciosa quadrilha promove sucessivos assaltos a banco nas cidades da Costa Oeste dos EUA. Usando máscaras de ex-presidentes norte-americanos, eles ostentam tal irreverência (um deles chega a exibir o traseiro para uma câmera de segurança!) que não tarda a levar o veterano agente do FBI, Angelo Pappas (o ótimo Gary Busey) a concluir que todos, talvez, possam ser surfistas ou adeptos de esportes radicais (!).
A aparência notadamente jovem de seu novo parceiro, Johnny Utah (Reeves), vem então a calhar: Pappas acredita que ele é capaz de infiltrar-se nessa comunidade ‘paz e amor’ e assim descobrir quais aqueles que têm o perfil para serem os procurados assaltantes.
Durante sua investigação –e sua claudicante tentativa de enturmar àquela tribo –o agente Utah acaba conhecendo Bodhi (Swayze), o carismático líder de um grupo que o acolhe e lhe ensina a surfar e a subtrair as ansiedades da vida moderna. Junto com eles, Utah conhece Tyler (Lori Petty), por quem se apaixona.
E é nítido, desde o primeiro instante, que esse grupo amistoso que recebe o herói de braços abertos, é também a quadrilha de assaltantes, o quê o levará a um dilema moral (e verdadeiramente funcional) que é o cerne da premissa, e às seqüências eletrizantes e simultâneas que se sucederão na sensacional segunda metade do filme.
E pronto! Da forma como está e como se apresenta, “Caçadores de Emoção” não precisa de muito mais para ser um dos mais vibrantes e empolgantes produtos de entretenimento entregues na década de 1990.

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