Mesmo quando ainda não tinha diante de si os
predicados do reconhecimento da crítica e das premiações (o quê veio com
“Guerra Ao Terror”), a diretora Kathryn Bigelow sempre foi hábil e talentosa
–e, contrariando as impressões gerais suscitadas por realizadoras mulheres, uma
de suas especialidades era no terreno bem masculino dos filmes de ação.
Certamente, “Caçadores de Emoção” é um dos
grandes responsáveis por isso.
Sua dupla de protagonistas reunia basicamente
um proeminente jovem em ascensão (Keanu Reeves) que unia de maneira rara a
simpatia de parte da crítica, que enxergava suas qualidades como ator, e o
interesse do público feminino (para o qual a cena inicial –um treinamento
debaixo da chuva com camisa molhada e musculatura em evidência –certamente foi
feita); e um fulgurante astro do período (o saudoso Patrick Swayze), garantia
certa de bilheterias, recém-saído do maior êxito de sua carreira (no caso,
“Ghost-Do Outro Lado da Vida”) e, também ele, unindo habilmente a capacidade de
bem atuar com o apelo junto às mulheres.
De lambuja, Swayze ainda encarou um inesperado
papel de vilão, que ele assumiu com o entusiasmo e a euforia de um ator que,
depois de tanto tempo, enfim, sentiu-se desafiado.
A trama de “Caçadores de Emoção” não traz
maiores novidades –mas, sabe extrair dessa mesma simplicidade os elementos que
fazem seu charme: Uma audaciosa quadrilha promove sucessivos assaltos a banco
nas cidades da Costa Oeste dos EUA. Usando máscaras de ex-presidentes
norte-americanos, eles ostentam tal irreverência (um deles chega a exibir o
traseiro para uma câmera de segurança!) que não tarda a levar o veterano agente
do FBI, Angelo Pappas (o ótimo Gary Busey) a concluir que todos, talvez, possam
ser surfistas ou adeptos de esportes radicais (!).
A aparência notadamente jovem de seu novo
parceiro, Johnny Utah (Reeves), vem então a calhar: Pappas acredita que ele é
capaz de infiltrar-se nessa comunidade ‘paz e amor’ e assim descobrir quais
aqueles que têm o perfil para serem os procurados assaltantes.
Durante sua investigação –e sua claudicante
tentativa de enturmar àquela tribo –o agente Utah acaba conhecendo Bodhi
(Swayze), o carismático líder de um grupo que o acolhe e lhe ensina a surfar e
a subtrair as ansiedades da vida moderna. Junto com eles, Utah conhece Tyler
(Lori Petty), por quem se apaixona.
E é nítido, desde o primeiro instante, que esse
grupo amistoso que recebe o herói de braços abertos, é também a quadrilha de
assaltantes, o quê o levará a um dilema moral (e verdadeiramente funcional) que
é o cerne da premissa, e às seqüências eletrizantes e simultâneas que se
sucederão na sensacional segunda metade do filme.
E pronto! Da forma como está e como se
apresenta, “Caçadores de Emoção” não precisa de muito mais para ser um dos mais
vibrantes e empolgantes produtos de entretenimento entregues na década de 1990.
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