O diretor Jean-Christophe Grange parece
ambicionar, antes de mais nada, uma mistura atrativa de filme de arte e
suspense comercial com esta intrigante história onde reúne Monica Bellucci (uma
atriz belíssima e capaz de assídua presença em projetos europeus desiguais)
numa trama sobre nebulosas práticas executadas em meio à uma obscura tradição
mongol.
Laura Siprien (Bellucci) é a mãe adotiva de um
garotinho mongol, Liu-Son. Aos sete anos de idade, ele passa a manifestar
eventos estranhos ao redor de si: Surge em seu peito uma estranha marca e ele
passa a ter pesadelos (e visões com animais) que estranhamente compartilha com
Laura.
Numa dessas visões, um acidente automobilístico
acontece, e Liu-Son é hospitalizado. Quando novos acontecimentos, um bocado
alarmantes começam e se suceder (mortes sucessivas de pessoas ligadas a ele e
ao seu passado), Laura decide investigar ao lado de um relutante agente do
consulado russo (Moritz Bleibtreu, de “Corra, Lola Corra”) por meio do qual a
criança foi adotada, o que aos poucos conduz ela à descoberta de uma
conspiração realizada a partir de ancestrais crenças asiáticas –e na qual
Liu-Son ocupa papel central.
Se a sinopse elabora com clareza os
acontecimentos do filme não é isso que acontece durante a experiência de
assistí-lo em seus dois primeiros terços: O diretor Grange se esbalda além da
conta em enumerar pistas falsas e desviar a atenção do expectador para inúmeros
elementos que nunca são aquilo que parecem ser.
Ele abusa da elegância numa narrativa
cadenciada e flerta constantemente com a lentidão e a inconclusão até por fim
começar a entregar as informações válidas de fato quando o filme já avançou
para lá de sua metade. Isso prejudica profundamente o envolvimento com a trama
e com o drama de seus personagens, embora Monica Bellucci segure o filme com
extraordinária desenvoltura.
Ao fim, no entanto, a construção cuidadosa de
seus suspense termina soando pretensiosa. Quando o filme revela enfim seus
objetivos e finalidades, não se trata de nada que não vimos em outros lugares e
em outras realizações.
Até arremata a obra com alguma dignidade, mas
todo o restante do filme foi tão dedicado à uma sugestão de que os desenlaces
seriam algo tão distinto que, quando vemos acontecer, parece até banal e
corriqueiro –erro grave para um filme que se constrói em cima de tal mote.
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