Já na primeira cena a capacidade de fazer rir
do filme de Walt Becker já fica bem clara: O grupo formado por John Travolta,
Tim Allen, Martin Lawrence e William H. Macy percorre uma rua, todo supino, sob
suas motos. É Macy quem acaba fazendo uma micagem qualquer e se dá mal; embora
tenha dois comediantes notórios entre seus protagonistas (Allen e Lawrence) e
um astro com timing cômico (Travolta), é o único ator de fato (Macy), quem
consegue trazer para si os momentos mais hilários.
O mote de “Motoqueiros Selvagens” é a típica
crise de meia idade que acomete os homens na faixa etária dos quatro grandes
amigos.
Woody (Travolta) almeja uma sensação de
liberdade que há tempos não experimentava, enredado pelos aborrecimentos da
vida urbana e por um casamento sem ânimo.
Seus amigos, Doug (Allen), Bobby (Lawrence) e
Dudley (Macy) podem até não compartilhar do mesmo grau de desespero, mas
identificam-se com sua injúria pela vida comportada o suficiente para ir com
ele em viagem pelo país a bordo de suas motos, planejada em cima da hora e na
qual rege a regra do rompimento com os vínculos da sociedade; sem telefones
celulares, Internet ou qualquer distração.
No entanto, na primeira tentativa que os quatro
motoqueiros de araque engendram para confraternizar com motoqueiros reais –no
caso, a gangue dos Del Fuegos, liderada por um ameaçador Ray Liotta –um
contratempo acontece: Uma tentativa até inocente de retribuir a hostilidade
sofrida leva Woody a, sem querer, botar fogo no bar que serve de moradia para
os Del Fuegos! E agora, os quatro amigos têm toda uma gangue em seu encalço.
Esse detalhe gera menos tensão e mais uma
oportunidade de arremate para a narrativa episódica: Quando os quatro pretensos
motoqueiros chegam à uma cidadezinha hospitaleira às voltas com uma comemoração
regional –e o personagem de Macy encontra uma divertida chance de romance nas
curvas da personagem vivida por Marisa Tomei –é providencial que a gangue de
motoqueiros malvadões apareça para oferecer o tempero de algum conflito na
condução tão tranquila e descontraída que vinha se construindo; além da oportunidade
para os urbanizadas e civilizados heróis demonstrarem lá ao seu jeito que têm
coragem.
Serve para mais outra coisa também: A
participação cheia de significado e enaltecimento do grande Peter Fonda, um
grande ator a quem para sempre foi relacionado o clássico “Sem Destino” –não tê-lo
num filme de motoqueiros seria como falar sobre pintura e não mencionar
Leonardo Da Vinci.
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