Proposital ou não, há algo de “Um Corpo QueCai” neste trabalho de Luigi Bazzoni, o quê só confirma suas tendências:
Lançado em 1965, praticamente o mesmo ano em que Mario Bava lançou as bases
para o giallo com “A Garota Que Sabia Demais” e “Seis Mulheres Para O
Assassino”, este “A Mulher do Lago” (não confundir com o clássico japonês
homônimo dirigido por Yoshishige Yoshida) já ratifica com clareza a influência
que Alfred Hitchcock exerceu, e sempre viria a exercer, sobre esse sub-gênero,
ainda que por seu período de realização ela não contenha muitas das
características que viriam a definí-lo.
A movimentar a narrativa há, por exemplo,
somente uma morte –e não uma série de assassinatos como passou a ser habitual
–e nem mesmo existe muita clareza nas circunstâncias em que ela se deu: Ao
chegar numa cidade do interior italiano de onde guarda ocasionais lembranças,
Bernardo (Peter Baldwin) procura pela bela camareira Tilde (Virna Lisi, uma
esplêndida correspondente das loiras platinadas e enigmáticas de Hitchcock)
cuja beleza lhe causou impacto no passado.
Ausente em todos os lugares que a procura –a
começar pelo hotel onde se hospedou e onde a viu pela primeira vez –ele descobre,
aos poucos que, de alguma forma, Tilde morreu.
Todos os mal esboçados rumores acerca do
ocorrido afirmam que Tilde se suicidou, mas desde o início esse possibilidade
soa improvável à Bernardo, e quando menos se espera, ele se vê como um
investigador involuntário de sua morte, enquanto flashbacks resgatam as
lembranças de Tilde, pontuadas por um desejo que ela encontra facilidade em
despertar também no expectador (Virna Lisi está particularmente linda) e
acrescidas de um melancólico e macabro tom sombrio –pois já sabemos, de
antemão, o desenlace mórbido que a aguarda.
Menos psicológico do que Hitchcock em “Um Corpo
Que Cai”, o diretor Bazzoni vale-se, em vez disso, de uma estética que remete
de todas as formas àquela atmosfera; e nesse sentido, a fotografia em preto
& branco se mostra plenamente eficaz no registro glacial das dissimuladas
emoções humanas.
É esperado que, em algum determinado momento,
Bernardo descubra que Tilde foi assassinada e por quais razões isso se deu.
Ciente do quão algumas dessas revelações podem soar previsíveis, Bazzoni
reveste sua narrativa de estilo, moldando –talvez até sem querer –uma série de
elementos que depois iriam determinar os rumos do giallo enquanto sub-gênero.
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