terça-feira, 6 de novembro de 2018

12 Homens e Uma Sentença


Bem ao estilo de seu realizador, o diretor teatral Sidney Lumet, “12 Homens e Uma Sentença” confina os integrantes de seu elenco magistral numa única sala em tempo real durante toda sua duração, exceto pelo prólogo e epílogo (que somados não devem totalizar três minutos) não existem cenas fora dali.
Mas, “12 Homens...” reflete também a personalidade observadora, criteriosa e minuciosa de seu autor, o roteirista Gerard Rose (que não hesitou em repaginar a própria obra décadas depois quando William Friedkin refilmou para a TV este filme) e de seu astro e também produtor Henry Fonda –é ele quem arca com o papel de protagonista, o único jurado que, contra todos os demais, vota a favor da inocência do réu, um jovem de bairro pobre acusado por evidências circunstanciais questionáveis por ter matado o próprio pai.
Os demais se descobrem impacientes com o veredicto ainda não completamente unânime: Há o cara apressado e indiferente que deseja pressa para não perder o jogo (Jack Warden); o homem indignado com a situação pois a morte de um pai pelas mãos do filho lhe remete o relacionamento difícil que tem com o próprio filho (Lee J. Cobb, magnífico) –e todos têm seus ânimos acirrados pelo fato daquele ser um dos dias mais quentes e sufocantes do ano.
No entanto, munido de argumentos plenos de sensatez, o jurado vivido por Henry Fonda vai convencendo um a um dos outros onze membros do júri –e, no processo, todo o contexto do crime vai sendo descortinado sem que haja qualquer necessidade de uma cena ilustrativa para tal efeito.
Brilhantemente interpretado e escrito, “12 Homens...” representa uma observação audaz da parte de seus realizadores: Nele, entram em pauta as questões da discriminação, da funcionalidade dos meios jurídicos e da própria empatia moral que nos permitimos cultivar por outrem.

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