Bem ao estilo de seu realizador, o diretor
teatral Sidney Lumet, “12 Homens e Uma Sentença” confina os integrantes de seu
elenco magistral numa única sala em tempo real durante toda sua duração, exceto
pelo prólogo e epílogo (que somados não devem totalizar três minutos) não
existem cenas fora dali.
Mas, “12 Homens...” reflete também a
personalidade observadora, criteriosa e minuciosa de seu autor, o roteirista
Gerard Rose (que não hesitou em repaginar a própria obra décadas depois quando
William Friedkin refilmou para a TV este filme) e de seu astro e também
produtor Henry Fonda –é ele quem arca com o papel de protagonista, o único
jurado que, contra todos os demais, vota a favor da inocência do réu, um jovem
de bairro pobre acusado por evidências circunstanciais questionáveis por ter
matado o próprio pai.
Os demais se descobrem impacientes com o
veredicto ainda não completamente unânime: Há o cara apressado e indiferente
que deseja pressa para não perder o jogo (Jack Warden); o homem indignado com a
situação pois a morte de um pai pelas mãos do filho lhe remete o relacionamento
difícil que tem com o próprio filho (Lee J. Cobb, magnífico) –e todos têm seus
ânimos acirrados pelo fato daquele ser um dos dias mais quentes e sufocantes do
ano.
No entanto, munido de argumentos plenos de
sensatez, o jurado vivido por Henry Fonda vai convencendo um a um dos outros
onze membros do júri –e, no processo, todo o contexto do crime vai sendo
descortinado sem que haja qualquer necessidade de uma cena ilustrativa para tal
efeito.
Brilhantemente interpretado e escrito, “12
Homens...” representa uma observação audaz da parte de seus realizadores: Nele,
entram em pauta as questões da discriminação, da funcionalidade dos meios
jurídicos e da própria empatia moral que nos permitimos cultivar por outrem.
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