O filme dirigido por Gerard Krawczyk (de todas
as continuações de “Taxi”) tem todos os cacoetes do cinema de Luc Besson,
produtor, sem conseguir replicar de modo muito satisfatório suas qualidades.
A começar pela presença de Jean Reno,
ator-assinatura de Besson durante muito tempo. Ele interpreta o policial
francês Hubert Fiorentini cujo temperamento explosivo lhe proporcionou fama
negativa na corporação –e, já de imediato, nota-se que o tratamento dado a esse
viés policial da trama é transbordante de comédia.
Adepto de filmes de ação descerebrada, mas
também adepto de uma insuspeita humanidade em suas premissas e em seus
protagonistas (facetas que o grandalhão, ainda que sensível, Reno é perfeitamente
capaz de dar conta), o produtor Besson (visivelmente a força criativa deste
filme em detrimento da apagada presença do diretor) logo trata de ramificar as
características de Hubert enquanto personagem, e até mesmo esclarece-las: Ele
afirma o tempo todo sua paixão por uma mulher oriental que o deixou a exatos 19
anos –paixão da qual jamais recuperou-se (e olha que a produção descola até uma
ponta relâmpago da ainda belíssima Carole Bouquet no papel de uma pretendente).
De repente, Hubert recebe um inesperado
telefonema do Japão afirmando que sua amada de outrora havia falecido e que ele
é o único nome mencionado em seu testamento.
Indo para o Japão a fim de verificar isso –e
deixando um rastro de confusões no caminho como é de sua personalidade –ele chega
lá apenas para descobrir que tem uma filha, a rebelde Yumi (Ryoko Hirosue, de
“A Partida”) cuja conta bancária traz suspeitos 200 milhões de dólares (!),
além de um ameaçador grupo yakuza em seu encalço.
A resposta para todas as perguntas repousa,
Hubert sabe, no mistério em torno da função que a mãe de Yumi exerceu durante
todo esse tempo sem que ninguém soubesse –e que pode, inclusive, explicar o
súbito abandono de seu amado Hubert.
Certamente uma tentativa
(um bocado descarada) de reeditar a mesma dinâmica construída pelo próprio
Besson no formidável “O Profissional” –os trejeitos de Jean Reno remetem
bastante características daquele personagem –o filme falha na comparação (sobretudo, quando lembramos que lá havia a fabulosa Natalie Portman, e aqui temos a afetada e histriônica Ryoko!), no
entanto, no aspecto de comédia que abraça de forma imodesta –e com mais ênfase
até do que no aspecto de filme de ação –a obra de Krawczyk se sobressai graças
à simpatia irreprimível do ótimo Jean Reno; prova disso é a cena mais engraçada
do filme (e que termina batizando-o), onde o seu personagem saboreia o
condimento japonês wasabi (tão forte que para muitos é intragável) como se
fosse doce (!).
Nenhum comentário:
Postar um comentário