Certamente despido das pretensões científicas
que orientavam projetos dessa natureza que chacoalharam o cinema naqueles anos
1960 (como “O Planeta dos Macacos”, de Franklin J. Schaffner, e principalmente
“2001-Uma Odisséia No Espaço”, de Stanley Kubrick), este filme realizado por
Richard Fleischer se propõe a ser nada mais que uma eficiente aventura –bem de
acordo com o perfil modesto de seu realizador –entretanto, ele o faz com um
aparato técnico tão arrojado que sua recriação das entranhas humanas aumentadas
em improváveis proporções lhe valeu dois Oscar: Melhor Direção de Arte e
Melhores Efeitos Especiais.
E Fleischer, ainda por cima, executa uma
narrativa das mais eficazes e objetivas, muito de acordo com o resultado
almejado.
Dessa forma, no início somos testemunhas de um
prólogo eficiente que prescinde diálogos para mostrar o atentado contra um
importante cientista perpetrado em solo americano pelo que será apenas
mencionado como “o outro lado”; e podemos apenas supor que, sendo esta uma obra
da década de 1960, esse “outro lado” possa tratar-se dos russos numa menção
velada à Guerra Fria.
O filme, de fato, tem início logo ali: Com um
coágulo no cérebro capaz de mata-lo, o importante cientista deve submeter-se a
uma operação que, no entanto, não tem nada de usual.
O Agente Grant (Stephen Boyd, o Messala de
“Ben-Hur”) é assim recrutado para uma missão da qual ele não tem muitas
informações: Ao lado de uma equipe médica, ele deve integrar a tripulação de
um submarino a ser miniaturizado e injetado na corrente sanguínea do dito
cientista –o único jeito de salvá-lo, é eliminando o coágulo de dentro de seu
cérebro e, para isso, a equipe precisa ser reduzida a um tamanho microscópico
para ter acesso ao local da enfermidade.
Mais: A miniaturização irá durar apenas 60
minutos, o que dá ao grupo (constituído pelo capitão do submarino, dois médicos
vividos por Arthur Kennedy e Donaldo Pleasence, e a enfermeira interpretada por
Rachel Welch) apenas uma hora para executar o procedimento, salvar a vida do
cientista e sair de seu cérebro.
O trabalho do diretor Richard Fleischer busca
tornar a premissa tão interessante quanto ela de fato soa. Com efeito, ele
imprime um realismo carregado de seriedade à condução, não obstante alguma
ingenuidade de sua encenação e até mesmo certo anacronismo –possivelmente muito
mais perceptível hoje do que na época de seu lançamento.
A verdade é que, com seu
roteiro assim compenetrado e a criação incisiva de subterfúgios pontuais que
beneficiam e muito o suspense, “Viagem Fantástica” é um belíssimo trabalho de
um artesão competente que nunca pareceu muito interessado em se sagrar gênio.
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