terça-feira, 25 de junho de 2019

Bons Costumes

A belíssima e interessante Jessica Biel diminuiu consideravelmente seu ritmo de trabalho após o casamento com o ator e cantor Justin Timberlake, uma pena já que em ocasionais obras como este “Bons Costumes”, ela se mostra luminosa.
Diretor do cult “Priscilla-A Rainha do Deserto”, o australiano Stephan Elliott, ao adaptar uma peça de Noel Coward, compõe uma obra tão rara e refinada para os padrões de hoje que causa completo mistério a sua ausência entre os indicados ao Oscar do ano de seu lançamento.
Em meados da década de 1930, o jovem inglês John (Ben Barnes, de “Crônicas de Nárnia-O Príncipe Caspian”) chega à aristocrática propriedade de sua família para apresentar sua imprevista esposa, a norte-americana Larita (Jessica Biel, sensacional).
Passado o choque inicial, Larita se descobre num ninho de cobras: As duas irmãs de John (Katherine Parkinson e Kimberley Nixon), obtusas em relação ao amor e à vida, vão gradativamente nutrindo cada vez mais antipatia pela cunhada. Mas, nada se compara à sogra; arredia, esnobe e prepotente Veronica (Kristin Scott Thomas, impecável) procura abertamente em cada detalhe, cada gesto, cada situação, justificativa para hostilizar a nora –e, não raro, meios para manipular o tolo e imaturo John para se manter conivente nesse seu jogo de rancor.
Alheio e desiludido à todas essas picuinhas desde os aborrecimentos acarretados com a guerra, o sogro Jim (Colin Firth, sempre fabuloso) por sua vez passa a admirar profundamente a maneira astuta, desprendida e sagaz com que Larita busca se desvencilhar as armadilhas domésticas que armam em seu caminho.
Tanto a verve do texto quanto o modo com o qual no filme ele é mantido são improváveis no circuito comercial da atualidade; o que só lhe enfatiza ainda mais o valor.
O diretor Stephan Elliott prima por um requinte e uma elegância nos diálogos e na narrativa que evidenciam a maestria com que o elenco é conduzido, vislumbrando detalhes e minúcias que pontuam sua comédia de costumes com formidável riqueza e loquacidade. A cada nova circunstância, a cada nova ocasião ele intensifica seu ritmo, elabora ainda mais a acidez de sua farsa, torna ainda mais contundente suas farpas afiadas, levando tudo num crescendo divertido, envolvente e espetacular.
Uma primorosa fogueira das vaidades aristocratas que não poupa ninguém de suas chamas.

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