A belíssima e interessante Jessica Biel
diminuiu consideravelmente seu ritmo de trabalho após o casamento com o ator e
cantor Justin Timberlake, uma pena já que em ocasionais obras como este “Bons
Costumes”, ela se mostra luminosa.
Diretor do cult “Priscilla-A Rainha do
Deserto”, o australiano Stephan Elliott, ao adaptar uma peça de Noel Coward, compõe
uma obra tão rara e refinada para os padrões de hoje que causa completo mistério a sua ausência entre os indicados ao Oscar do ano de seu lançamento.
Em meados da década de 1930, o jovem inglês
John (Ben Barnes, de “Crônicas de Nárnia-O Príncipe Caspian”) chega à
aristocrática propriedade de sua família para apresentar sua imprevista esposa,
a norte-americana Larita (Jessica Biel, sensacional).
Passado o choque inicial, Larita se descobre
num ninho de cobras: As duas irmãs de John (Katherine Parkinson e Kimberley
Nixon), obtusas em relação ao amor e à vida, vão gradativamente nutrindo cada
vez mais antipatia pela cunhada. Mas, nada se compara à sogra; arredia, esnobe
e prepotente Veronica (Kristin Scott Thomas, impecável) procura abertamente em
cada detalhe, cada gesto, cada situação, justificativa para hostilizar a nora
–e, não raro, meios para manipular o tolo e imaturo John para se manter
conivente nesse seu jogo de rancor.
Alheio e desiludido à todas essas picuinhas
desde os aborrecimentos acarretados com a guerra, o sogro Jim (Colin Firth,
sempre fabuloso) por sua vez passa a admirar profundamente a maneira astuta,
desprendida e sagaz com que Larita busca se desvencilhar as armadilhas
domésticas que armam em seu caminho.
Tanto a verve do texto quanto o modo com o qual
no filme ele é mantido são improváveis no circuito comercial da atualidade; o
que só lhe enfatiza ainda mais o valor.
O diretor Stephan Elliott prima por um requinte
e uma elegância nos diálogos e na narrativa que evidenciam a maestria com que o
elenco é conduzido, vislumbrando detalhes e minúcias que pontuam sua comédia de
costumes com formidável riqueza e loquacidade. A cada nova circunstância, a
cada nova ocasião ele intensifica seu ritmo, elabora ainda mais a acidez de sua
farsa, torna ainda mais contundente suas farpas afiadas, levando tudo num
crescendo divertido, envolvente e espetacular.
Uma primorosa fogueira das
vaidades aristocratas que não poupa ninguém de suas chamas.
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