Não fosse a inusitada e imprevista celeuma
provocada pela vitória de Marisa Tomei, como Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar 1993, pouca gente daria atenção à “Meu Primo Vinny”.
Entretenimento humorístico, daquele tipo
encomendado para o perfil de um astro específico –que aqui, é Joe Pesci, mas
poderia perfeitamente ser Dudley Moore ou Danny De Vito se fossem os anos 1980
–o filme realizado por Jonathan Lynn teve tirada de si a oportunidade de
surpreender pela comédia graciosa que é. Em vez disso, teve de carregar a pecha
da polêmica (a despeito do merecimento –ela está ótima! –Marisa teria ou não
levado o prêmio se não fossem as trapalhadas de Jack Palance?) e arcar com uma
expectativa inesperadamente elevada de público e crítica.
A confusão que dá o ponto de partida ao filme
começa quando dois amigos (um deles vivido por Ralph Macchio, de “Karatê Kid”)
saem de uma lanchonete sem lembrar de pagar a conta. Ao serem interceptados
pela polícia, um imbróglio dos diabos coloca-os numa enrascada: Eles pensam
tratar-se da conta não paga e confessam serenamente sua infração, entretanto,
os policiais se referem a um assassinato cometido, logo depois, na lanchonete
(!) –esse é um dos diversos mal-entendidos que o roteiro construirá com
objetivos cômicos.
É aí que entra em cena Vinny, o personagem de
Joe Pesci, um ítalo-americano ignorante, recém-formado em Direito, porém, sem
qualquer experiência na área, primo de um dos acusados que tentará livrar a
barra dos dois.
Para tanto, Vinny (que leva a tiracolo sua
intempestiva noiva vivida por Marisa Tomei) deve superar a própria ignorância
em relação às complexas questões jurídicas e manter as aparências perante o
juiz e o promotor, que creem ser ele um gabaritado advogado.
“Meu Primo Vinny” pega o gênero de filme de tribunal –bastante
popular naqueles anos 1990 –e o satiriza com propriedade, não excluindo da
receita os diálogos inteligentes que introduzem galhofa e comicidade às
argumentações legislativas, sem nunca, porém, soar pretencioso ou demasiado
sério.
Os vinte minutos finais são
bastante acertados ao encontrar uma solução inesperada justamente na personagem
de Marisa Tomei; oportunidade que ela de fato aproveita completamente para
brilhar.
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