terça-feira, 2 de julho de 2019

Meu Primo Vinny

Não fosse a inusitada e imprevista celeuma provocada pela vitória de Marisa Tomei, como Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar 1993, pouca gente daria atenção à “Meu Primo Vinny”.
Entretenimento humorístico, daquele tipo encomendado para o perfil de um astro específico –que aqui, é Joe Pesci, mas poderia perfeitamente ser Dudley Moore ou Danny De Vito se fossem os anos 1980 –o filme realizado por Jonathan Lynn teve tirada de si a oportunidade de surpreender pela comédia graciosa que é. Em vez disso, teve de carregar a pecha da polêmica (a despeito do merecimento –ela está ótima! –Marisa teria ou não levado o prêmio se não fossem as trapalhadas de Jack Palance?) e arcar com uma expectativa inesperadamente elevada de público e crítica.
A confusão que dá o ponto de partida ao filme começa quando dois amigos (um deles vivido por Ralph Macchio, de “Karatê Kid”) saem de uma lanchonete sem lembrar de pagar a conta. Ao serem interceptados pela polícia, um imbróglio dos diabos coloca-os numa enrascada: Eles pensam tratar-se da conta não paga e confessam serenamente sua infração, entretanto, os policiais se referem a um assassinato cometido, logo depois, na lanchonete (!) –esse é um dos diversos mal-entendidos que o roteiro construirá com objetivos cômicos.
É aí que entra em cena Vinny, o personagem de Joe Pesci, um ítalo-americano ignorante, recém-formado em Direito, porém, sem qualquer experiência na área, primo de um dos acusados que tentará livrar a barra dos dois.
Para tanto, Vinny (que leva a tiracolo sua intempestiva noiva vivida por Marisa Tomei) deve superar a própria ignorância em relação às complexas questões jurídicas e manter as aparências perante o juiz e o promotor, que creem ser ele um gabaritado advogado.
Meu Primo Vinny” pega o gênero de filme de tribunal –bastante popular naqueles anos 1990 –e o satiriza com propriedade, não excluindo da receita os diálogos inteligentes que introduzem galhofa e comicidade às argumentações legislativas, sem nunca, porém, soar pretencioso ou demasiado sério.
Os vinte minutos finais são bastante acertados ao encontrar uma solução inesperada justamente na personagem de Marisa Tomei; oportunidade que ela de fato aproveita completamente para brilhar.

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