Este drama romântico juvenil lançado nos anos
1990 pouco consegue fazer para evitar a sensação de que sua premissa e toda sua
produção se centralizam no casalzinho formado, inclusive na vida real, por
Joaquim Phoenix e Liv Tyler, dois jovens astros proeminentes do período.
Ele, irmão do falecido poucos anos antes (e
também muito promissor) River Phoenix, vindo de uma participação extremamente
aclamada em “Um Sonho Sem Limites”, de Gus Van Sant.
Ela, uma badalada modelo, filha do vocalista do
Aerosmith, Steve Tyler (havia até participado do videoclipe “Crazy” da banda do
pai), em auspiciosa tentativa de emplacar como atriz.
Joaquim vive Doug Holt. Liv vive Pamela Abbott.
E o romance entre os dois é tão óbvio quanto os obstáculos que também haverão
de comparecer para impedir que seu amor se concretize, no melhor estilo “Romeu
& Julieta” –obra que surge como a referência maior em meio à trama, situada
na segunda metade da década de 1950.
No raso comentário social que o filme se
presta, a cidadezinha de Haley tem seus aristocratas de praxe que inspiram
admiração em uns e inveja em outros. Tais aristocratas são a Família Abbott
composta do pai, Lloyd (Will Patton), da mãe, Joan (Barbara Williams) e das
três irmãs, a abnegada Alice (Joanna Going), a intransigente Eleanor (a
espetacular Jennifer Connelly) e a bem-comportada Pamela.
Certamente é esse misto de fascínio e amargura
com o qual elas são vistas pelo jovem Jacey Holt (Billy Crudup) a ponto delas
tornarem-se uma obsessão que o consumirá ao longo de todo o filme –até porque
há uma nebulosa ligação entre os Abbott e sua família que será gradativamente
elucidada ao longo do filme.
Contudo, não é pelos olhos de Jacey que
acompanhamos a histórias, mas, sim pelos de Doug, seu irmão mais novo que,
desde o início, luta para não alimentar o mesmo sentimento negativo que
intoxica o irmão.
Se jacey, de início busca seduzir a mais
rebelde as Irmãs Abbott, Eleanor, Doug até tenta evitar, mas não consegue
desvencilhar-se dos percalços que sempre o aproximam de Pamela.
A despeito das intrigas familiares que os
cercam –uma fofoca maldosa envolvendo sua mãe (Kathy Baker, de “Edward-Mãos deTesouras”) e o senhor Lloyd; os motivos mal-explicados que envolvem o acidente
que matou o pai deles e as mentiras do próprio Jacey –Doug e Pamela parecem
construir tímida e inocentemente um vínculo amoroso genuíno e puro.
Entretanto, como bem observa a direção algo
padronizada de Pat O’ Connor (do estranho “O Calendário da Morte”), todos os
demais personagens que rodeiam o casal protagonista parecem gravitar em uma
ciranda de sordidez: Após um caso escandaloso com Eleanor (que a leva a ir
embora de Haley), o obcecado Jacey volta suas atenções para Alice cujo
casamento arranjado pelos pais atravessa uma fase ruim, perfeita para o aparecimento
de sedutores ocasionais.
A narrativa, numa aparente falta do que fazer,
justapõe os dois irmãos (vividos por bons atores, é preciso dizer) e suas
personalidades incompatíveis –o rancoroso e, no fim, inescrupuloso Jacey, e o
ingênuo e bem-intencionado Doug –para, no final das contas, empregar isso como
uma mera lição de moral, sem maiores aprofundamentos.
O livro de Sue Miller, do qual se inspira,
certamente trazia uma miríade narrativa muita mais rica para ser examinada
diante de tantos personagens unidos numa mesma trama, mas a produção
preguiçosamente não explorou nenhuma dessas possibilidades, focando única e
exclusivamente no apelo do casal central junto ao público jovem daquela época.
No final, por uma ironia
suprema, nem isso acabou sobressaindo: “Círculo de Paixões”, quando muito, é
hoje mais lembrado por uma breve e transcendental cena de nudez de Jennifer
Connelly do que por qualquer outra coisa!
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