Quatro anos antes da superprodução
hollywoodiana estrelada por Tom Cruise e dirigida por Bryan Singer em 2008, a
Alemanha lançou sua própria versão de um dos mais distintos (e hoje louvados)
personagens históricos relacionados à obscura mancha negra que foi sua
participação na Segunda Guerra Mundial: O heróico Coronel Clause Von
Stauffenberg que encabeçou a tentativa de matar e depor Hitler (das muitas que
foram perpetradas) que mais perto chegou de ser bem-sucedida. E que, nos livros de história é conhecida como
“Operação Valkiria” –por alguma razão, o título do filme de Cruise e Singer tem
uma escrita diferente com ‘qu’ no lugar do ‘k’: “Operação Valquíria”.
Dirigido por Jo Baier, o filme de 2004 parece
se debruçar mais sobre as motivações internas que levaram Stauffenberg (muito
bem interpretado pelo astro alemão Sebastian Koch) a uma contundente mudança de
opinião, agravada pela perda do olho esquerdo e da mão direita durante um
ataque na Tunísia: De um dedicado oficial a serviço do Fuhrer ele se torna uma
indignada testemunha da insensatez genocida de Hitler (que surge numa única
cena, interpretado com olhar de frieza psicótica por Udo Schenk). Suas
convicções se transformam até Stauffenberg constatar que é um opositor plantado
num local estratégico da alta cúpula nazista, de onde pode realizar um golpe
audacioso.
Unido à outros oficiais, também eles desejosos
de dar outro rumo à guerra e ao destino da Alemanha, Stauffenberg elabora –em
reuniões sorrateiras na calada da noite e no coração de Berlim –um plano para
plantar uma bomba próxima o bastante do ditador para matá-lo, dando início,
logo na sequência, ao processo de tomada política de poder da Alemanha.
Curiosamente, é nessa opção inicial –em fazer
de seu protagonista o centro da narrativa (o biografado, por assim dizer) e não
a missão a que ele se dedica –que o filme de Jo Baier adquire mais ritmo,
visitando circunstâncias diferenciadas do suspense de Bryan Singer.
A segunda parte do filme, no entanto, quando o
plano colocado em prática é mostrado em seus desdobramentos minuciosos, perde
consideravelmente em agilidade e interesse; porque a produção não consegue
ocultar as limitações de recursos inerentes à sua realização (com panorâmicas
de câmeras substituindo tomadas que exigiam construção mais criteriosa); porque
a atenção aos detalhes parece priorizar o escorregadio pano de fundo político,
em detrimento à observações que poderiam soar mais astutas; e porque tudo isso
acarreta uma atmosfera que faz o resultado parecer uma minissérie compilada feita
para a TV (o que ela é de fato!), e não um longa-metragem de cinema.
Ainda assim, a obra de Jo
Baier consegue entregar elementos que se sobressaem em relação à versão
ostensivamente cinematográfica de Bryan Singer.
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