quarta-feira, 14 de março de 2018

Operação Valquíria

Lançado no mesmo ano de “Bastardos Inglórios” –e, por uma série de motivos, menos exultante, empolgante e imprevisível que aquele filme –este “Operação Valquíria” viu-se meio que ofuscado pela obra de Quentin Tarantino, ainda que alguns críticos lhe tenham chamado a atenção para suas qualidades.
Reunindo uma vez mais o diretor Bryan Singer e o roteirista Christopher McQuarrie (que juntos realizaram o aclamado “Os Suspeitos”) –isso sem falar no astro Tom Cruise –o filme busca fazer uma reconstituição da famosa tentativa real de assassinar Adolf Hitler, aquela que mais próxima chegou de se concretizar; o mesmo episódio já havia sido adaptado em diversos outros filmes sendo o mais famoso até então o oitentista “O Plano Para Matar Hitler”, com Brad Davis, de “O Expresso da Meia-Noite”.
A Segunda Guerra Mundial segue tensa e conflituosa quando a narrativa do filme, já em seu princípio, trata de revelar que existiam sim dissidentes ocultos entre os oficiais de confiança de Adolf Hitler (David Bamber, numa recriação minimalista, mas sem muito brilho). Homens que acreditavam que o melhor para a Alemanha seria a morte do Füher e o encerramento daquela guerra. Um desses homens, vivido por Kenneth Brannagh, é um oficial nazista com especialidade em explosivos, mas cujas condições precárias das poucas bombas que consegue colocar próximas a Hitler sempre resultam em falha de seus planos.
As chances de sucesso, dele e de outros militares do alto escalão da Alemanha unidos na intenção de acabar com o ditador aumentam quando conseguem aliciar para suas fileiras a liderança do Coronel Claus Von Staunffenberg (Tom Cruise).
Oficial condecorado –e privado de um olho e da mão direita durante um bombardeio, anos antes –Von Staunffenberg trás um objetivo bem mais sólido e incisivo para o desamparado grupo de oposição silenciosa ao nazismo: Não somente planejar um atentado contra a vida de Adolf Hitler, e por um fim a guerra, mas também garantir que seja imediatamente instaurado o protocolo da ‘operação valquíria’, um documento ao qual pouca atenção era concedida, devido ao mito de superioridade (e de imortalidade) que rondava Hitler, mas que vinha a presumir um caminho caso o Füher viesse a morrer. O plano deles é instaurar um novo sistema de governo imediatamente após a morte do Füher, segundo instrui esses documentos oficiais, e trazer a paz propondo uma rendição aos aliados logo em seguida.
Os elementos e as circunstâncias que cercam a execução do plano são tão arriscados e mirabolantes quanto os pequenos detalhes que o fizeram dar errado; da mesma forma, a direção meticulosa de Bryan Singer, o roteiro competente e o bom elenco não conseguem contornar o fato de que o filme busca criar suspense em torno de uma trama que todos conhecem o desfecho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário