sexta-feira, 31 de julho de 2020

Crocodilo Dundee 2

Diferente do primeiro filme, repleto de uma graciosa ironia a temperar sua trama de romance e choque cultural, a continuação do sucesso internacional que tornou famosos Paul Hogan e seu personagem se distancia do pouco usual cinema australiano de então e se aproxima mais do cinema norte-americano comercial e suas convencionais características do gênero de ação, intenções bastante visíveis no trabalho do diretor John Cornell, colaborador assíduo do astro principal: Interpretou um pequeno papel no “Crocodilo Dundee” original, produziu, co-escreveu e atuou no seriado “The Paul Hogan Show” e dirigiu o pouco lembrado “Quase Um Anjo”, igualmente estrelado por Paul Hogan
Na sequência dos eventos do primeiro filme –onde o matuto australiano Mick Dundee (Hogan) assume seu romance com a bela jornalista Sue Charleton (Linda Kozlowski, casada com Hogan na vida real) –encontramos Crocodlio Dundee já mais adaptado à civilização, morando com Sue em seu apartamento em Nova York.
Surge um ex-marido de Sue, fotógrafo investigador que sequer é mencionado no filme original, cujas fotos apontam a identidade de um poderoso líder do tráfico de cocaína. Antes de ser morto, ele envia tais fotos pelo correio para Sue que acaba entrando na mira dos traficantes.
Quando ela é sequestrada, as habilidades incomuns de Dundee servirão aos propósitos típicos do herói de ação para tirá-la do cativeiro dos bandidões, uma mansão cercada em Long Island.
De lá, Dundee e Sue fogem dos criminosos –já que se tornaram testemunhas em potenciais de seus delitos –de volta para as pradarias da Austrália que o protagonista conhece tão bem.
Esse regresso, numa espécie de arco invertido da premissa do filme anterior, espelha a contradição que esta continuação exerce sobre o seu original: Diferente da comédia quase revisionista que o humor tipicamente australiano usa para tratar as obviedades do primeiro filme –onde predomina gracejo e ironia –a continuação, apesar de evocar um ou outro elemento do filme anterior em algum momento de sua primeira hora de duração (o melhor exemplo certamente é a cena que ele tenta convencer um angustiado suicida), não esconde sua gradual intenção de se levar a sério, de ser filme de ação e ombrear Crocodilo Dundee aos heróis casca-grossa, estilo ‘exército de um homem só’ que reinaram nas bilheterias dos anos 1980.
Com efeito, uma vez em seu território, Dundee tem um plano todo elaborado para sobrepujar os inimigos –que lá chegam armados e furiosos! –e sobre eles consegue prevalecer graças aos conhecimentos quase guerrilheiros de uma variação de “Rambo” de Sylvester Stallone; modelo evidente no qual os realizadores deste segundo filme se baseiam.

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