Diferente do primeiro filme, repleto de uma
graciosa ironia a temperar sua trama de romance e choque cultural, a
continuação do sucesso internacional que tornou famosos Paul Hogan e seu
personagem se distancia do pouco usual cinema australiano de então e se
aproxima mais do cinema norte-americano comercial e suas convencionais
características do gênero de ação, intenções bastante visíveis no trabalho do
diretor John Cornell, colaborador assíduo do astro principal: Interpretou um
pequeno papel no “Crocodilo Dundee” original, produziu, co-escreveu e atuou no
seriado “The Paul Hogan Show” e dirigiu o pouco lembrado “Quase Um Anjo”,
igualmente estrelado por Paul Hogan
Na sequência dos eventos do primeiro filme
–onde o matuto australiano Mick Dundee (Hogan) assume seu romance com a bela
jornalista Sue Charleton (Linda Kozlowski, casada com Hogan na vida real)
–encontramos Crocodlio Dundee já mais adaptado à civilização, morando com Sue
em seu apartamento em Nova York.
Surge um ex-marido de Sue, fotógrafo
investigador que sequer é mencionado no filme original, cujas fotos apontam a
identidade de um poderoso líder do tráfico de cocaína. Antes de ser morto, ele
envia tais fotos pelo correio para Sue que acaba entrando na mira dos
traficantes.
Quando ela é sequestrada, as habilidades
incomuns de Dundee servirão aos propósitos típicos do herói de ação para
tirá-la do cativeiro dos bandidões, uma mansão cercada em Long Island.
De lá, Dundee e Sue fogem dos criminosos –já
que se tornaram testemunhas em potenciais de seus delitos –de volta para as
pradarias da Austrália que o protagonista conhece tão bem.
Esse regresso, numa espécie de arco invertido
da premissa do filme anterior, espelha a contradição que esta continuação
exerce sobre o seu original: Diferente da comédia quase revisionista que o
humor tipicamente australiano usa para tratar as obviedades do primeiro filme
–onde predomina gracejo e ironia –a continuação, apesar de evocar um ou outro
elemento do filme anterior em algum momento de sua primeira hora de duração (o
melhor exemplo certamente é a cena que ele tenta convencer um angustiado
suicida), não esconde sua gradual intenção de se levar a sério, de ser filme de
ação e ombrear Crocodilo Dundee aos heróis casca-grossa, estilo ‘exército de um
homem só’ que reinaram nas bilheterias dos anos 1980.
Com efeito, uma vez em seu
território, Dundee tem um plano todo elaborado para sobrepujar os inimigos –que
lá chegam armados e furiosos! –e sobre eles consegue prevalecer graças aos
conhecimentos quase guerrilheiros de uma variação de “Rambo” de Sylvester
Stallone; modelo evidente no qual os realizadores deste segundo filme se
baseiam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário