Assim como o cinema comercial, o cinema independente norte-americano é ocasionado por certas fórmulas. “The Necessary Death Of Charlie Countryman” –ou “A Morte Necessária de Charlie Countryman”, título literal deste “Conquistas Perigosas” –até que começa orientado por esse tipo de fórmula: O drama pesado marginal e silencioso, onde os personagens perscrutam, com contundente pose, as aflições da vida suburbana.
O protagonista Charlie, vivido por Shia LaBeouf
(numa atuação que, longe de ser brilhante, ao menos desvencilha-se dos cacoetes
irritantes que ele desenvolveu em alguns projetos), vive as agruras de
testemunhar os últimos dias de vida da própria mãe (Melissa Leo), e quando tal
fatalidade enfim se concretiza, sente-se perdido.
Visitado pelo fantasma dela (!), ele recebe o
tardio conselho de partir em viagem em busca de si mesmo, sugerindo-lhe a
cidade de Bucareste.
Logo após esse princípio depressivo e
convencional, o filme dirigido por Fredrik Bond começa a demonstrar algum
fôlego próprio, e alguma autenticidade a medida que pontas soltas justapostas com
enganosa aleatoriedade começam a se juntar numa narrativa, senão equilibrada ou
harmoniosa, pelo menos com certeza envolvente: No avião, Charlie faz uma
relutante amizade com o romeno de meia-idade Victor (Ion Caramitru) que vem a
falecer antes mesmo do avião chegar ao destino final (!). O último desejo de
Victor era que Charlie entregasse para a filha dele, Gaby (Evan Rachel Wood) um
gorro que ele comprou para ela nos EUA.
Contudo, Charlie apaixona-se pela moça e, junto
com o amor hesitantemente correspondido, veem também as encrencas; Gaby havia
antes se envolvido com o perigoso Nigel (Mads Mikkelsen), truculento assassino
que não larga mais do pé do desafortunado americano. Junto de Nigel –e por
motivos que o roteiro não consegue ou não se importa em esclarecer de maneira
satisfatória –está também o gangster Darko (Til Schweiger, de “Bastardos Inglórios”) e ambos estão interessados numa certa fita, registro visual de um
flagrante comprometedor para os dois, e que Victor usava, até então, para
afastar Nigel de Gaby.
Agora, cabe a Charlie a tarefa de ajudar Gaby e
livrá-la da presença desses antagonistas em sua vida –ou assim ele acredita.
Apesar da trama sinalizar com elementos descontraídos de aventura e romance –e
de fato trazer muitas cenas que correspondem a esses gêneros –a direção de
Fredrik Bond almeja imprimir características mais estilosas ao resultado: Na
dramaturgia algo esquizofrênica que preenche seu andamento –onde o filme se
perde em sub-tramas estranhas, como a dos amigos drogados de Charlie vividos
por James Buckley e Rupert Grint –a direção tenta evocar um estilo que lembra
muito o de Sofia Coppola, com uma etérea trilha sonora e sua visão agridoce e
alternativa da condição abstrata dos jovens na sociedade contemporânea.
Nenhum comentário:
Postar um comentário