A adentrar os anos 1990, a carreira de Sylvester Stallone –assim como a de outros astros de ação dos anos 1980, como Arnold Schwarzenegger ou Bruce Willis –viu-se numa necessidade de reinvenção (afinal, músculos e disposição física não são atributos eternos). E uma das suas primeiras incursões num gênero diferenciado, como a comédia, ocorreu neste divertido e curioso “Oscar-Minha Filha Quer Casar” –lembrado por uns como um hilário passatempo da década de 1990, e por outros como um destoante, e até lamentável, título na filmografia do astro, “Oscar” estranhamente divide opiniões.
Stallone vive o gangster Angelo ‘Snaps’
Provolone que, já na primeira cena, assiste consternado a morte do pai (Kirk
Douglas, numa ponta luxuosa); antes de morrer, contudo, ele leva Snaps a fazer
uma promessa: Deixar os negócios escusos de lado e virar um homem honesto,
dando assim o ponto de partida para as confusões.
Passa-se um mês, e o filme então inicia-se de
fato, a transcorrer sua trama de idas e vindas e graciosos mal-entendidos em um
único dia: O dia em que Snaps –ou melhor, o Sr. Provolone –haverá de tornar-se
um empresário honesto, ao selar, ao meio-dia, um acordo com um grupo de
banqueiros em plenos anos 1930.
Entretanto, é nesse dia que todos os problemas
acarretados por sua família virão bater a porta de Provolone: A começar por
Anthony Rossano (Vincent Spano, ator de alguns filmes dos Irmãos Tavianni), seu
desaforado contador que aparece para exigir um aumento considerável de salário
(!) e a mão de sua filha em casamento (!).
Entretanto, o que Provolone ainda não sabe –e
que descobrirá aos trancos a barrancos ao longo do dia –é que Rossano não se
refere à sua filha de fato, Lisa (Marisa Tomei), que realmente está grávida, só
que do ex-chofer, Oscar (!), mas à meiga Theresa (Elizabeth Barondes), garota
pobre que mentiu ser sua filha.
Como Rossano apropriou-se de uma considerável
soma em dinheiro a fim de devolvê-la à Provolone só quando este lhe cedesse a
mão da filha em matrimônio, ele não pode dizer-lhe ainda a verdade, e talvez,
nem queira: Afinal, a despeito de Theresa e Rossano se amarem, ele precisa
providenciar um marido para Lisa, já que Oscar (um personagem que só aparece no
final, interpretado pelo roteirista Jim Mulholland, mas sobre quem todos falam
e cujas ações movimentam toda a trama) alistou-se no exército.
Durante as confusões que se sucedem na mansão
de Provolone, do lado de fora, policiais de tocaia (liderados por Kurtwood
Smith) e gangsters rivais (comandados por Richard Romanus) organizam suas
próprias investidas contra Snaps, certos de que ele está armando das suas.
Ainda que rocambolesca, a sinopse não dá conta
das trapalhadas e do fluxo ininterrupto de gags que se passam ao longo do
filme, tornando-o, para aqueles capazes de apreciar a comédia que ele é, um
tanto saboroso e engraçado –e o diretor John Landis, além de aproveitar esses
desenlaces típicos para ambientar seu filme numa direção de arte primorosa em
acabamento cenográfico, pontua sua narrativa com belíssimas e arrojadas
participações, como a linda e macarrônica esposa de Provolone (a italiana
Ornella Muti), o solícito e perplexo padre local (o veterano Don Ameche), o
avoado e prestativo fonoaudiólogo (o ótimo Tim Curry), os hilariantes capangas
de Snaps, Aldo (Peter Riegert, de “O Máskara”), indignado com sua ‘promoção’ à
mero mordomo, e o engraçadíssimo brutamontes Connie (o sensacional Chazz
Palminteri).
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