O trabalho até que interessante do diretor estreante Michael Caleo (roteirista do excelente “A Família”, de Luc Besson) é um daqueles roteiros de moderada inventividade que, pelo generoso material interpretativo que oferece, costuma atrair bons e prestigiados atores, como é o caso de Michael Keaton e –vá lá! –Brendan Fraser.
Seus personagens são arquétipos bem
interpretados que, ao gosto das reviravoltas que devido à natureza do suspense
haverão de chegar, vão se transmutar em outra coisa, por uma ou por outra razão
ao longo da trama.
No caso, temos Jamie Bashant (Fraser) e Ted
Riker (Keaton, sempre excelente); o primeiro um vendedor recém-chegado a Nova
York vindo de Ohio, o segundo, um tubarão implacável que coleciona clientes,
leva nas costas sua empresa (capitaneada por Daniel Stern, de “Esqueceram de
Mim”) e inspira o assombro de seus colegas menores.
Ted não tem paciência com Jamie, apontado para
ser uma espécie de aprendiz seu ao longo do processo de adaptação; e certamente
também não tem qualquer interesse em compartilhar com ele as dicas que o tornam
tão a frente dos demais vendedores. E com isso, Jamie, que vinha então se
vangloriando de seu desempenho, fracassa simultaneamente em conseguir obter as
vendas dos produtos.
Um tanto indiferente a tudo isso, Ted só muda
de postura quando conhece a linda esposa de Jamie, Belissa (Amber Valetta, de
“Hitch-Conselheiro Amoroso”), cujas circunstâncias, nos dias que se seguem
auxiliam a torná-lo amante dela (!).
Entretanto, o caso tórrido migra para uma
paixão quando ficam evidentes traços humanos que Ted até então escondida de
todos: A fim de manter Belissa sempre por perto, Ted tem que encontrar meios
para que o incompetente Jamie (sempre com a corda no pescoço) continue no
emprego, e portanto, em Nova York.
E assim, em troca da satisfação romântica e
sexual, Ted vai gradualmente sacrificando sua solidez profissional –e, como
pode ser antecipado com alguma facilidade (no que é, talvez, o grande problema
do filme) haverão revelações já próximas do desfecho indicativas de que nem
tudo é aquilo que parece ser.
Em cena, a bela Amber Valetta trata com lisonja
Michael Keaton pelo grande ator que ele é; enquanto Michael Keaton é demasiado
cavalheiresco com Amber, em decorrência dela ser uma linda mulher. Eis aí,
então, uma das problemáticas principais de “O Último Golpe”: Embora sejam bons
atores e até tenham alguma química, seu par central não se comporta como os
amantes que presumidamente se tornam.
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