A origem teatral do projeto é imposta
poderosamente na direção de James Foley que engessa a narrativa o tempo todo em
um único ambiente. Existem, quando muito, pequenos lapsos do roteiro de David
Mamet que esboçam situações em outros lugares, mas o cenário é essencialmente o
escritório de vendas aonde a tensão vai ganhando corpo graças principalmente ao
majestoso elenco masculino.
Glengarry Glen Ross é a firma de vendas
imobiliárias em Chicago que se beneficia, sobretudo, da lábia tarimbada de seus
corretores: O calejado Shelley (Jack Lemmon); o irascível Dave (Ed Harris); o
titubeante George (Alan Arkin); além do gerente tentacular e impiedoso
Williamson (Kevin Spacey) e do representante da empresa titular, Blake (Alec Baldwin).
Homens endividados de classe média nos idos dos
anos 1990, eles precisam ofertar, enaltecer e vender seu produto de porta em
porta. A comissão garante que o sucesso de suas vendas seja proporcional ao
lucro que obtêm. Todavia, nenhum deles se mostra satisfeito com tal sistema, ao
contrário, muitos deles vêem, desesperados, clientes que lhes consomem tempo
precioso de conversa e terminam não comprando nada.
A única exceção é Ricky Roma (Al Pacino,
formidável), o campeão de vendas absoluto do escritório.
A fim de incentivar o mesmo ímpeto nos outros
desanimados vendedores, a empresa disponibiliza certos bônus que vão além da
comissão, em troca de um aumento quase inumano no índice de vendas. Para
pressioná-los, o fantasma da demissão paira sobre todos.
É quando alguns deles começam a elaborar planos
mais ilícitos.
O ambiente parece uma
panela de pressão onde os ânimos e os propósitos vão se somando até a tensão
chegar a níveis notáveis. A direção de Foley e o roteiro de Mamet são
perspicazes ao trabalhar um conto enxuto (menos de uma hora e meia de duração),
objetivo e incisivo sobre as desesperanças da agitada vida moderna, a analogia
implacável da seleção natural, as ironias do drama e a máxima de que nada é
fácil para ninguém.
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