Refilmado em 2010 por Takashi Miike, a obra de Eiichi Kudo é um clássico japonês do chambara –o filme de samurais –cuja estrutura narrativa muito aproveita do molde estabelecido pelo mestre maior Akira Kurosawa em seu formidável “Os Sete Samurais”.
No período do xogunato, os feudos do Japão se
deparam com uma situação política frágil: O irmão do Xogum, um político
emergente na aristocracia japonesa, revela-se um homem cruel, insolente e
devasso. Seus atos de maldade –que envolvem o estupro de uma jovem seguido do
assassinato do marido dela –são protegidos por sua posição política impune, o
que gera um mau estar entre os outros daimiôs –os nobre designados como
governantes dos territórios do Japão.
A solução parece ser inevitável: Antes que esse
vilão obtenha o cargo intocável de conselheiro do Xogum, o ministro Doi
recruta, por baixo dos panos, o serviço de alguns samurais aposentados, entre
eles o honrado Shizaemon (Chiezô Kataoka). A intenção é que ele reúna um grupo
específico, coeso e eficaz para, num local determinado, promover uma cilada
implacável para o irmão do Xogum e todo seu séquito de guarda-costas (que
incluem dezenas de samurais habilidosos).
Assim, tal e qual Kurosawa em seu clássico
maior, o filme de Eiichi Kudo estabelece com a nitidez inconteste de sua enxuta
premissa, a estrutura sem firulas que definirá seu filme: O início estabelece a
situação (o vilão do qual os protagonistas haverão de dar cabo), e em seguida,
mais da metade de sua duração se dedica à preparação da emboscada –e durante
esse trecho, onde muito diálogo e planejamento são mostrados, sequer vemos
qualquer lampejo de cenas de ação.
É no trecho final –que corresponde a pouco mais
de um terço da obra –que sua grande (e espetacular) sequência de ação e combate
finalmente ganha corpo, evidenciando as lições (bem) aprendidas por Eiichi Kudo
do mestre Kurosawa. A coreografia das lutas é hipnótica, tal seu manejo
gracioso, a postura competente dos atores, e a habilidade da direção.
Claro que, diferente de “Os Sete Samurais”, “13
Assassinos” não alcança a perfeição: O diretor Eiichi Kudo tão somente reprisa
passos similares aos de Kurosawa –não esboça qualquer intenção de alçar voo
sozinho e por conta própria, com originalidade. Ele o faz com válida
competência, mas não consegue evitar, com isso, alguns lapsos. O grande
problema de “13 Assassinos”, talvez, seja sua primeira metade, onde se
desenvolvem os preparativos para a grande batalha de seu clímax, durante os
quais a paciência do público é testada em longos diálogos e, em alguns casos,
desnecessários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário