terça-feira, 24 de maio de 2022

Pickpocket - O Batedor de Carteiras


 Não é a toa que Martin Scorsese utilizou este trabalho primordial como pedra fundamental da narrativa também formidável que ele urge em “Táxi Driver”.

Em “Pickpocket”, Robert Bresson registra os códigos impessoais da prestidigitação, e a sedução do crime em contraponto à ânsia de se aprimorar nessa espécie de arte: A de usar da rapidez e da furtividade para tirar algo de uma pessoa debaixo de seu próprio nariz.

Tanto fascina o protagonista tal ato que não ocorre a ele –ou, se ocorre, não lhe importa –que trata-se de um crime. Para tanto, Bresson captura nos olhares da grande maioria de seus personagens a indiferença –não lhe interesse qualquer reflexo moral ou mesmo sentimental; não há, afinal, muito que discutir: Para Bresson, o certo e o errado são tópicos bem definidos que não irão mudar com as reviravoltas ou desdobramentos de seu enredo.

Se o castigo aguarda inapelavelmente o autor do crime, o que interessa ao diretor nesse ínterim é o entendimento do processo, a maneira com que o personagem principal persegue uma perfeição que não significa nada para ninguém, mas que para ele significa tudo.

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