Dentro do estilo found-footage não haveria de faltar uma obra que resvalasse na pecha dos “filmes mais perturbadores de todos os tempos” visto a tendência incontornável que esse formato tem para agregar narrativas de terror.
Como inúmeros de seus
pares, “The Poughkeepsie Tapes” é uma obra pontuada por
uma sensação de agonia intensa, contundente e ininterrupta –e que haverá de
acompanhar o expectador muito tempo depois de sua exibição.
A trama que a obra se encarrega de abordar
centraliza um psicopata que aterrorizou a cidadezinha norte-americana de
Poughkeepsie nos anos 1990. Ou melhor, testemunhamos suas atrocidades do ponto
de vista muito subjetivo das fitas encontradas por uma equipe policial no que
teria sido a residência de tal assassino, bem como o palco das atrocidades que
não tardam a sser reveladas em detalhes desconcertantes.
O que o diretor e roteirista John Erick Dowdle
(que, devido ao trabalho notável desenvolvido neste projeto teve oportunidade
de realizar “Quarentena”, refilmagem de outra grande obra em found-footage, o espanhol “Rec, e os
filmes de terror “Demônio”, com aval de M. Night Shyamalan, e “Assim Na Terra
Como No Inferno”) compõe é tão somente um ‘falso documentário’, como “A Bruxa de Blair” fora antes dele e, como tal, é tão mais exacerbante e terrivelmente
convincente quando supomos que tudo o que se passa na tela seja real. E muito
do empenho da produção corrobora para isso: Do teor macabro e soturno nos
depoimentos (colhidos, em sua maioria, do que aparentemente são agentes
policiais na cena dos crimes), do tom mórbido e totalmente sombrio da
narrativa, até a natureza doentia dos atos, bem como de seu pavoroso
perpetrador e, sobretudo, das cenas viscerais, gráficas e horripilantes que a
partir de certo ponto acometem ao filme, tudo em “The Poughkeepsie Tapes” leva
o expectador a presumir que tais imagens sejam reais.
Elas são autênticas demais (a atriz Stacy Chbosky,
intérprete da desafortunada vítima que ganha maior atenção do psicopata nas
cenas, é de uma aflição genuína e contagiante), realistas demais (o filme de
Dowdle não economiza em torturas, humilhações, assassinatos e estupros para se
fazer desestabilizador) e incômodas demais para soarem apenas ficção.
Mas, felizmente são –talvez, um exercício de
recriação um tanto quanto exorbitante e fora dos padrões de uma mente um tanto
quanto demasiado fascinada pelo modus
operandi de um assassino, mas, ainda sim, apenas isso: Ficção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário