A arte de se conceber um longa-metragem é, como todas as outras mais, ambígua; o diretor Mike Judge (criador da animação “Beavis & Butthead”), baseado no curta-metragem “Milton”, realizou “Como Enlouquecer Seu Chefe” em 1999 depositando nele suas impressões sobre o descontentamento trabalhista da classe média norte-americana com o foco numa usual e convencional empresa de executivos. Terminou concluindo que sua realização estava abaixo da qualidade que perseguia. Entretanto, com o passar do tempo, o público foi fornecendo uma percepção diferente: Embora não tenha se consolidado como um sucesso, “Como Enlouquecer Seu Chefe” ganhou admiradores, apreciadores e cultuadores ao longo dos anos, atentos ao apuro incomum de seu humor, aos personagens memoráveis e às cenas notáveis carregadas de inspiração.
Peter (Ron Livingston, de “Band Of Brothers”)
trabalha como executivo na quase medíocre empresa Initech –um conglomerado de
divisórias e cubículos de escritório no qual as funções de cada um pouco ou
nada fazendo de sentido. Peter não gosta de seu trabalho, opinião partilhada,
ainda que com mais cautela, por seus colegas e melhores amigos Samir (Ajai
Naidu, de “Pi” e “Papai Noel Às Avessas”) e Michael Bolton (David Herman, num
personagem que padece por ter o mesmo nome do cantor...). Também pudera:
Chefiado por quase uma dezena de supervisores, Peter tem de ouvir as mesmas
reclamações, recriminações e reprimendas múltiplas vezes, além de quase nunca
escapar do inevitável “convite” para fazer serão nos sábados e domingos (!).
Numa noite de sexta-feira, quando participa de
uma incomum sessão de psicoterapia arrastado pela quase ex-namorada, Peter é
hipnotizado a fim de experimentar um momento de relaxamento em relação às
pressões cotidianas. O problema é que o psicoterapeuta tem um infarto um
segundo antes de tirá-lo do transe (!), o que mantém Peter nesse estado de,
digamos, leveza existencial com o qual acaba indo trabalhar na segunda-feira.
Agora, Peter não mais se importa com o
trabalho, com as exigências dos patrões (sendo o mais mala-sem-alça deles o
bizarro Lumbergh vivido por Gary Cole) nem com as demandas de sua ocupação.
Contudo, a nova atitude parece agradar e muito os profissionais contratados
para promover cortes na empresa, e eles se decidem por não apenas manter Peter
no escritório (a despeito das inúmeras demissões impiedosas que vão praticando)
como também resolvem promovê-lo (!).
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