Em 1980, William Friedkin já era um diretor consagrado –tinha ganho o Oscar uma década antes com “Operação França”, era reconhecido pelo fenômeno “O Exorcista” e tinha assinado grandes obras como “Comboio do Medo” –entretanto, diferente do que costuma acontecer com frequência hoje em dia, o reconhecimento não lhe tinha tirado a audácia. No início daquela década, ele aproveitou o gancho de um livro homônimo de autoria do jornalista da prestigiada “The New Yorker”, Gerald Walker, para realizar um filme que girava em torno dos assassinatos cometidos contra homossexuais na Nova York dos anos 1970. Estava então aceso o estopim para o explosivo "Parceiros da noite" –ou “Cruising”, seu título original –o primeiro filme hollywoodiano a retratar o universo gay de forma realista.
Proibido em diversos países e quase responsável
pelo comprometimento das carreiras do diretor Friedkin e do astro Al Pacino que
executaram uma manobra corajosa e vanguardista ao darem a cara a tapa neste
projeto audacioso.
A despeito do fracasso homérico de público e
crítica experimentado em sua estréia, “Parceiros da Noite” é hoje, entre outras
coisas, uma espécie de clássico maldito e um importante registro histórico de
mazelas culturais e sociais muito particulares da cena de Nova York no início
da década de 1980.
Vivido por Al Pacino, Steve Burns é um policial
convencional de Nova York –diferente de “Serpico” (que o próprio Al Pacino
vivenciou magnificamente sete anos antes), Steve é um homem comum, casado,
doméstico e rotineiro. Quando seu distrito se vê alarmado pelas ações de um
serial killer que aparentemente ataca a comunidade gay, seu chefe, o Capitão
Edelson (Paul Sorvino) instrui Steve para agir como um agente infiltrado na Time
Square e no Central Park, redutos de prostituição e sexo livre na Nova York de
então, na tentativa de rastrear o assassino. Steve tem assim, que adotar uma
nova persona, o que o afasta da esposa Nancy (Karen Allen, um ano antes de “Os Caçadores da Arca Perdida”). Entretanto, com o tempo e à medida que vai emergindo mais e mais no submundo gay
nova-iorquino, Steve se transforma. Algo nele mudou, e ele não é mais o homem
que era antes a partir do momento em que passou a descobrir certas verdades a
respeito de si mesmo.
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