Quem não tem cão, caça com gato.
Enquanto não somos agraciados com a
aguardadíssima segunda temporada da fenomenal série “Round 6”, eis que a
Netflix entrega aos expectadores uma espécie de derivado de sua bem-sucedida
série sul-coreana na forma daquilo que, em tese, ele já era desde o princípio:
Um realitty-show.
Não mais restrito ao idioma e aos integrantes
da Coréia do Sul, “Round 6-O Desafio” reúne pessoas do mundo inteiro (algumas delas,
colhidas aqui no Brasil!) e foca a atenção de suas câmeras nas deliberações e
alianças que vão surgindo ao longo da disputa onde, desta vez, ninguém morre
(claro!), o que não impede a série de continuar extremamente tensa –na verdade,
em sua inescapável característica de realidade filmada, “O Desafio” acaba sendo
ainda mais eficiente na suspensão de crença do público, embora caia, vez ou
outra, naquela velha questão de todo e qualquer realitty-show, se o que vemos é, de fato, realidade, ou uma encenação
muito bem planejada.
Competidores são eliminados
de maneira ainda mais abrupta e inesperada que na série, e ela prima por não
deixar que saibamos quem chegará até a final. A estrutura visual e o próprio
encadeamento dos eventos assim exibidos remetem, obviamente, à série original e
fictícia da qual este realitty-show é
um derivado, e isso se evidencia nos trajes estilizadíssimos dos funcionários
mascarados que operam durante a competição e, claro, nas seis provas principais
que recriam e/ou incrementam aspectos das já conhecidas manobras da série: A
primeira delas, a já clássica sequência da “Batatinha 1,2,3” é replicada com
certa exatidão e fidelidade; bem como a prova seguinte, onde os competidores
precisam destacar uma forma específica de um doce; inesperadamente (e pegando
de surpresa muitos jogadores que tinham em mente a série de TV), a prova do
Cabo de Guerra é substituída pela engenhosidade estratégica da Batalha Naval; já
a prova da Bolinha de Gude embora preserve as mesmas características da série,
pega muitos de sobressalto ao definir as duplas que se enfrentarão levando-os a
se juntar para um descontraído piquenique; já na reta final (quando inúmeros
personagens, inclusive aqueles que haverão de disputar a final, já começam a se
sobressair em relação aos outros), temos a prova da Ponte de Placas
Quebradiças; e, ao fim, a disputa final, substituindo astuciosamente o Jogo da
Lula (impraticável para um realitty)
pela tensão de um Pedra, Papel, Tesoura –é claro que, intermediando todas essas
provas mais importantes e elaboradas, vemos as alianças e animosidades forjadas
entre os participantes, flagradas com o realismo palpitante que é a grande
contribuição dos realitty-shows para
o entretenimento em si, agravadas por pequenas ‘provas menores’, espécies de
teste de comportamento, que também cumprem a função de eliminar o excesso de
participantes e deixam a tensão (entre eles e entre os expectadores) nas
alturas.
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