quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Invenção de Hugo Cabret

Dentre os grandes cineastas em atividade, poucos são tão cinéfilos quanto Martin Scorsese –ele provavelmente compete pau a pau com Quentin Tarantino!
Todavia, enquanto Tarantino, de uma outra geração de expectadores, enaltece obras dos anos 1970 (leia-se algumas já assinadas pelo próprio Scorsese), filmes de artes marciais, cinema poeira e outras pérolas dos seus tempos de jovem frequentador de videolocadora, as orientações e inspirações cinematográficas de Scorsese dizem mais respeito à época áurea do cinema e, certamente, às obras que são hoje vistas como pioneiras.
Realizando um qüiproquó dos mais curiosos com a produção que com ele disputou o Oscar de Melhor Filme em 2011, “O Artista” –um filme francês que homenageava o cinema mudo norte-americano –este “A Invenção de Hugo Cabret” é, portanto, uma homenagem norte-americana ao cinema francês em geral e à obra de George Mélies (o célebre realizador de “Viagem À Lua”) em particular.
É na Paris da década de 30 que vive o pequeno orfão Hugo Cabret (Asa Butterfiled, adequado e cativante). Ele tem por objetivo elucidar o propósito de um autômato legado à ele por seu pai (Jude Law) pouco antes de morrer: De alguma forma, ele sabe que consertá-lo está relacionado com o velho Papa Georges (Ben Kingsley, maravilhoso), o desiludido dono de uma relojoaria localizada na estação de trem em que Hugo vive clandestinamente.
Em busca das respostas de seu passado, ele encontra também a própria história do cinema.
Num de seus primeiros trabalhos longe dos contemporâneos retratos da violência urbana, Martin Scorsese urge uma emocionante, pulsante e vívida homenagem à Sétima Arte, em especial ao pioneiro Georges Mélies cujos experimentos deram o pontapé inicial à concepção dos efeitos visuais no cinema (e parece ser então apropriado que um dos prêmios Oscar que esta obra sem igual conquistou seja o de Melhores Efeitos Visuais).
Composto de cenas esplêndidas com os recursos tecnológicos de 3 dimensões –e no topo da lista, ao lado do deslumbrante “Avatar”, de raríssimos filmes que conseguiram elevar a experiência 3D de cinema a um novo patamar –este lindo trabalho recebeu outros cinco Oscars que, entretanto, não parecem bastar para premiar a magnitude técnica deste filme inesquecível.

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