Mais do que o cinema, a TV foi meu nicho de
informação cinéfila. Lá, eu descobri os filmes que definiram meu gosto como
expectador, até meu caráter como ser humano.
O cinema, com o tempo, tornou-se mais como um
grande privilégio, reservado à momentos muito especiais que foram (graças ao
bom Deus) se multiplicando com o passar dos anos.
Mas, é sempre um prazer lembrar daquelas obras
que descobri, ainda verde, durante as tardes.
Um dos filmes que levo, daquele período, com
maior carinho é "Conta Comigo", por uma série de fatores: Porque o
filme em si já vem com toda uma premissa a respeito da própria nostalgia em si;
porque é um filme que preserva sua qualidade e sua satisfação em ser assistido
em qualquer faixa etária; e, sobretudo, porque dentre tantos que em vi quando
criança, ele é dos raros casos em que o tempo não lhe prejudicou (pelo
contrário, ele continua e sempre continuará um primor!).
Na trama (oriundo de um conto do mestre do
macabro, Stephen King) quatro jovens amigos, pré-adolescentes resolvem encarar
a árdua peregrinação por dias ao longo dos trilhos de um trem, para chegar num
trecho em que jaz o cadáver de um garotinho morto.
O plano é encontrar o corpo, e ganhar fama de
heróis. Mas a jornada irá revelar muito da faceta deles mesmos, em níveis e
camadas que eles próprios desconheciam, e que definirá muito da amizade que os
une dali para frente.
São muitos os elementos perenes que mantêm o
fascínio deste trabalho: Há, por exemplo, um jovem River Phoenix em estado de
graça, um ator que em seus catorze anos de idade já conseguia ser magnífico; A
cena espantosa e eletrizante da travessia pela ponte, quando o trem chega para
complicar a vida dos garotos; o roteiro (indicado ao Oscar) que obtêm um
equilíbrio entre a morbidez do mundo real, e a natureza lúdica do mundo e da
vida pelos olhos de alguém mais jovem, o que nenhuma outra adaptação de Stephen
King jamais conseguiria (tá bem, "Um Sonho de Liberdade" conseguiu
isso também!).
No fim das contas, este é
um daqueles filmes ímpares que o cinema nos entrega, um obra aparentemente sem
pretensão, mas sobre a qual passamos a conversar para sempre, observando sua
beleza sentimental, o modo com que opõe as facetas dolorosas do crescimento, e
o seu poder de ganhar uma indelével força em nossa memória, envolvido
principalmente, pela bela e contagiante música, Stand By Me.
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