Eis que trinta anos depois de ter realizado o
prazeroso “Esperança e Glória”, o diretor John Boorman resolve dar-lhe uma
continuação com este “Rainha & País” (título traduzido ao pé da letra de
“Queen & Country”, mas no qual perde-se um certo significado).
Na trama não passou tanto tempo assim: Foram-se
oito anos desde que o garotinho Bill Rohan vivia divertidas aventuras
perambulando os escombros de seu bairro londrino durante a Segunda Guerra
Mundial. Agora um rapaz de dezoito anos, ele prepara-se para prestar o serviço
militar inglês, que exige do alistado dois anos de serviço.
É esse o período abrangido pelo filme e, à
exemplo de “Esperança...”, este “Rainha...” vem pontuado por momentos que
equilibram humor e drama, ainda que desta vez, de forma mais tênue. John
Boorman é um grande diretor e faz tudo funcionar, mas é inevitável que o
primeiro filme, tão memorável e primoroso, seja em tudo e por tudo superior.
De início, uma das primeiras coisas que
percebemos, talvez até inconscientemente, é o retorno, ou não, dos membros do
elenco: Infelizmente, a sensacional Sarah Miles não volta como a mãe de Bill,
no lugar dela, ostentando sensibilidade, está a competente Sinéad Cusack, mas a
presença de Sarah é insubstituível. É lógico que o garotinho do filme anterior,
Sebastian Rice-Edwards não retorna para reprisar seu papel (não só porque ele
está mais velho, mas porque Rice-Edwards abandonou a profisão de ator depois
daquele filme), em seu lugar entra Callum Turner, que até que convence bem, e é
um bocado parecido com o ator original, passando bem a impressão de que é ele
crescido. Pena é não termos o explosivo e impagável Ian Bannen de volta como
Vovô George: em seu lugar, o nada parecido, e bem mais contido John Standing.
Da menininha Sue, irmã menor de Bill, e fundamental na trama de “Esperança e
Glória”, estranhamente não vemos nem sinal. O único ator daquele filme que de
fato retorna aqui é David Hayman, interpretando Clive, o pai de Bill, embora
sua participação seja pequena. Quando à irmã mais velha de Bill, a impagável
Dawn, sai a atriz original, Sammi Davis, e entra em seu lugar Vanessa Kirby que
se revela, com folga expressiva, a escolha mais interessante, não apenas por
ela ter uma cena de nudez no filme, mas porque a atriz realmente captura bem o
comportamento da personagem.
Agora, intrigante mesmo é
notar que a cena do cartaz do filme (no qual antes de assisti-lo, deduzimos que
seja um casal apaixonado prestes a se beijar) é um momento do filme ocorrido
entre Bill e sua irmã mais velha (!).
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