quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Rainha & País

  Eis que trinta anos depois de ter realizado o prazeroso “Esperança e Glória”, o diretor John Boorman resolve dar-lhe uma continuação com este “Rainha & País” (título traduzido ao pé da letra de “Queen & Country”, mas no qual perde-se um certo significado). 
Na trama não passou tanto tempo assim: Foram-se oito anos desde que o garotinho Bill Rohan vivia divertidas aventuras perambulando os escombros de seu bairro londrino durante a Segunda Guerra Mundial. Agora um rapaz de dezoito anos, ele prepara-se para prestar o serviço militar inglês, que exige do alistado dois anos de serviço. 
É esse o período abrangido pelo filme e, à exemplo de “Esperança...”, este “Rainha...” vem pontuado por momentos que equilibram humor e drama, ainda que desta vez, de forma mais tênue. John Boorman é um grande diretor e faz tudo funcionar, mas é inevitável que o primeiro filme, tão memorável e primoroso, seja em tudo e por tudo superior. 
De início, uma das primeiras coisas que percebemos, talvez até inconscientemente, é o retorno, ou não, dos membros do elenco: Infelizmente, a sensacional Sarah Miles não volta como a mãe de Bill, no lugar dela, ostentando sensibilidade, está a competente Sinéad Cusack, mas a presença de Sarah é insubstituível. É lógico que o garotinho do filme anterior, Sebastian Rice-Edwards não retorna para reprisar seu papel (não só porque ele está mais velho, mas porque Rice-Edwards abandonou a profisão de ator depois daquele filme), em seu lugar entra Callum Turner, que até que convence bem, e é um bocado parecido com o ator original, passando bem a impressão de que é ele crescido. Pena é não termos o explosivo e impagável Ian Bannen de volta como Vovô George: em seu lugar, o nada parecido, e bem mais contido John Standing. Da menininha Sue, irmã menor de Bill, e fundamental na trama de “Esperança e Glória”, estranhamente não vemos nem sinal. O único ator daquele filme que de fato retorna aqui é David Hayman, interpretando Clive, o pai de Bill, embora sua participação seja pequena. Quando à irmã mais velha de Bill, a impagável Dawn, sai a atriz original, Sammi Davis, e entra em seu lugar Vanessa Kirby que se revela, com folga expressiva, a escolha mais interessante, não apenas por ela ter uma cena de nudez no filme, mas porque a atriz realmente captura bem o comportamento da personagem. 
Agora, intrigante mesmo é notar que a cena do cartaz do filme (no qual antes de assisti-lo, deduzimos que seja um casal apaixonado prestes a se beijar) é um momento do filme ocorrido entre Bill e sua irmã mais velha (!).

Nenhum comentário:

Postar um comentário