Talvez, "Rushmore" ("Três É
Demais" no Brasil) continue sendo o melhor filme de Wes Anderson, a
despeito da aclamação e genuína excelência de muitos de seus trabalhos que
vieram depois.
Não é nem o fato de que seu estilo era, então,
algo novo e surpreendente.
Na verdade, "Rushmore" reúne
elementos que o tornam um filme sem igual.
O título do filme se refere à prestigiada
escola na qual o estudante Max Fischer (Jason Schwartzman) estuda, e que por
isso, se sente realizado por completo. Max, entretanto, não é exatamente o
exemplo de grande aluno que essa escola tem: Seu ponto forte não é
inteligência, nem tampouco força física; Max é entusiasmado e, de um certa
maneira torta, empreendedor, participa de todas as atividades extracurriculares
que a escola tem à disposição.
Um belo dia, essa condição à qual ele se
estabeleceu começa a ser ameaçada quando ele se apaixona por uma das
professoras, a viúva Rosemary Cross (Olivia Willians, que no mesmo ano
participou de "O Sexto Sentido"). Como se não bastasse, sua amizade
com um indiferente filantropo de Rushmore, o milionário Herman Blume (um genial
Bill Murray), fica abalada sendo que os dois se enamoram dela.
A narrativa de Wes Anderson
espertamente subverte as expectativas do público, levando-o a imaginar, por uma
sucessão de sequências hilárias e assimetricamente filmadas que esse é, em tudo
e por tudo, um filme gaiato e superficial (ainda que prazerosamente engraçado),
mas aos poucos, o avanço conciso e inesperado da história impõe uma maturidade
que o tom cartunesco parecia disfarçar, e o filme de Anderson começa a cativar
e a surpreender, seus personagens revelam-se cheios de camadas, e o filme em
si, mostra-se uma obra completa de cinema. Certamente, uma das mais
gratificantes dos anos 1990.
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