segunda-feira, 25 de abril de 2016

Três É Demais

Talvez, "Rushmore" ("Três É Demais" no Brasil) continue sendo o melhor filme de Wes Anderson, a despeito da aclamação e genuína excelência de muitos de seus trabalhos que vieram depois.
Não é nem o fato de que seu estilo era, então, algo novo e surpreendente.
Na verdade, "Rushmore" reúne elementos que o tornam um filme sem igual.
O título do filme se refere à prestigiada escola na qual o estudante Max Fischer (Jason Schwartzman) estuda, e que por isso, se sente realizado por completo. Max, entretanto, não é exatamente o exemplo de grande aluno que essa escola tem: Seu ponto forte não é inteligência, nem tampouco força física; Max é entusiasmado e, de um certa maneira torta, empreendedor, participa de todas as atividades extracurriculares que a escola tem à disposição.
Um belo dia, essa condição à qual ele se estabeleceu começa a ser ameaçada quando ele se apaixona por uma das professoras, a viúva Rosemary Cross (Olivia Willians, que no mesmo ano participou de "O Sexto Sentido"). Como se não bastasse, sua amizade com um indiferente filantropo de Rushmore, o milionário Herman Blume (um genial Bill Murray), fica abalada sendo que os dois se enamoram dela.
A narrativa de Wes Anderson espertamente subverte as expectativas do público, levando-o a imaginar, por uma sucessão de sequências hilárias e assimetricamente filmadas que esse é, em tudo e por tudo, um filme gaiato e superficial (ainda que prazerosamente engraçado), mas aos poucos, o avanço conciso e inesperado da história impõe uma maturidade que o tom cartunesco parecia disfarçar, e o filme de Anderson começa a cativar e a surpreender, seus personagens revelam-se cheios de camadas, e o filme em si, mostra-se uma obra completa de cinema. Certamente, uma das mais gratificantes dos anos 1990.

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