quinta-feira, 12 de maio de 2016

O Diabo Veste Prada

Talvez, o mais saboroso retrato do mundo da moda do cinema. E os responsáveis por isso são, em grande medida, o tino acurado da atriz Meryl Streep e sua lendária capacidade em capturar o tom exato de personagens não raro difíceis como a editora de moda e chefe infernal; o roteiro equilibrado, gracioso e leve de Aline Brosh McKenna, que soube traduzir para o cinema o Best-seller de Lauren Weisberger com bastante bom senso; e a direção perspicaz e austera de David Frankel (diretor mais habituado a trabalhos televisivos, como a série “Band Of Brothers”, cuja desenvoltura adquirida nesse meio deve ter sido fundamental para saber modular as diferentes impressões surgidas no processo de adaptação do livro). Isso tudo aliado a inúmeros acasos felizes que cercaram a produção e ajudaram “O Diabo Veste Prada” a consagrar-se como um dos melhores filmes de 2006, quando normalmente é muito difícil para comédias em geral integrar a lista de ‘melhores do ano’.
Outra grata surpresa do filme é Anne Hathaway. Então, conhecida pelo filme “O Diário da Princesa” e sua continuação (nos quais parecia que o papel de ‘princesinha Disney’ lhe cabia tão bem que nele ficaria por toda a carreira), Anne começou a revelar, por este filme, que tinha crescido e que, dentro do projeto certo, era capaz de ser uma atriz convincente, elegante e até sensual, chegando a confrontar a própria Meryl Streep numa das cenas finais e essenciais do filme.
Anne é Andy Sachs, uma jovem algo idealista que arruma emprego no último lugar provável: Ela se torna assistente pessoal da tirânica Miranda Priestly (Meryl, numa das mais sensacionais atuações de sua grande carreira), a famigerada editora da revista RunWay (uma substituta, no filme, para a prestigiada Vogue). Contudo, Andy é tudo, menos alguém antenada com a moda, o quê sua desdenhosa colega de trabalho (Emily Blunt, um daqueles acasos felizes de que falei) lhe joga o tempo todo na cara.

Como toca aos filmes desse manancial desde os tempos de Frank Capra, a determinação fará com que Andy viva uma metamorfose e prevaleça nesse mundinho e aparência e vaidade, e aprenderá a conviver com a chefa demoníaca, até se ver numa situação que contraria seus princípios, mas aí já é revelar demais do filme. E as reviravoltas que ele reserva (ainda que inocentes, no final das contas) preservam-lhe um sabor delicioso.

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