Um dos filmes mais tristes que você jamais verá
em toda sua vida. Ponto. Dito isso, o obra de Isao Takahata, apesar do
sentimento doloroso que deixa no expectador (por dias, inclusive) é um trabalho
de gênio obrigatório.
Sabemos desde o início que não será muito feliz
o final da trajetória de Seita e Setsuko, um garotinho e sua irmãzinha,
largados como órfãos pelas circunstâncias da guerra no Japão de 1945.
Acompanharemos seus percalços impossibilitados de fazer qualquer coisa para
ajudá-los. O filme nos transforma assim, em testemunhas, mudas e impotentes
desses flagelos que vão se somando aos poucos: A morte da mãe; a mudança para a
casa da tia, e o conseqüente abandono dessa mesma; a dura tentativa dessas duas
crianças em viver sozinhos; as carências que se agravam, sobretudo, a fome, que
compromete a saúde dos dois.
De partir o coração.
É bem provável que o elemento mais poderoso no
que diz respeito à resposta emocional que este longa consegue arrancar do
público, seja por conta da menininha Setsuko.
De longe, um dos mais bem sucedidos casos de
recriar os trejeitos genuínos e cativantes de uma criança em uma animação,
Setusko é, por assim dizer, perfeita.
Ela é tão perfeita (ou, talvez, até mais!) do
quê a Boo de “Monstros S.A.” E, por isso mesmo, perdê-la, ao longo do filme é
de um efeito devastador.
Uma rara animação que não
se presta a ser um mero entretenimento artificial. O grande Isao Takahata,
equiparando-se os grandes gênios desse ofício, como Hayao Miazaki e Katsuhiro
Otomo, concebeu a mais marcante e inesquecível das experiências, num filme
emotivo e emocionante, que fascina, entristece e faz pensar.
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