Sempre se soube que era uma questão de tempo
até que o cinema contasse a história de Stephen Hawking, tão dotada ela era de
aspectos cinematográficos, e tão absolutamente magnéticos são os detalhes que
cercam seu desigual protagonista.
Aconteceu do diretor ser James Marsh, ganhador
do Oscar de Melhor Documentário por seu extraordinário “O Equilibrista”, em sua
estréia em longas de ficção.
E “A Teoria de Tudo” é, acima de tudo,
exatamente isso: Uma ficção.
Promissor aluno do curso de cosmologia em
Cambridge, Stephen Hawking (Eddie Redmayne, numa composição empenhada que lhe
valeu o Oscar de Melhor Ator) recebe, à beira de seus vinte anos, um
diagnóstico devastador: Ele possui uma doença rara (a esclerose lateral
amiotrófica) que dentro de dois anos paralisará as funções motoras de seu corpo
e o levará a morte.
A notícia cai como uma bomba em seu
relacionamento com Jane (Felicity Jones, a melhor coisa do filme!), que apesar
de tudo não desiste. Eles casam, têm um filho e dão início a uma árdua jornada
que se estenderá por anos na qual tentarão conviver com a doença de Stephen, o
único fator a aplacar sua genialidade.
O filme acaba sendo uma biografia de Stephen
Hawking contando sua vida ao lado da primeira esposa, Jane, de maneira um
bocado romanceada, longe da realidade que certamente foi; há até mesmo um breve
momento em que a edição sugere um acontecimento paralelo, mas que, na melhor
das hipóteses, fica somente sugerido. A impressão que a direção de Marsh nos
passa é de que ele fez um filme leve, inofensivo e enaltecedor, feito
especialmente para agradar ao próprio auto-biografado, omitindo assim muitos
dos detalhes mais lúgubres –e certamente mais interessantes –que ficaram restritos
ao livro no qual se baseou.
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