A criatividade visual esbanjada pelo diretor
Jon Favreau pulsa em cada fotograma desde seu novo trabalho, mais um da série
onde os estúdios Disney transportam para a encenação live-action seus clássicos
animados.
E é com satisfação que se conclui que “Mogli”
é, até agora, o melhor de todos eles.
Após o início, com “Alice No País das
Maravilhas”, de Tim Burton arriscando efeitos em 3D pós-“Avatar” (e a
continuação “Alice Através do Espelho” foi lançada este ano, mas essa é uma
outra história...), e os subseqüentes “Malévola”, com Angelina Jolie, e "Cinderella", o estúdio
está pronto para (re) explorar o filão de suas marcas: Estão engatilhados uma
versão de “A Bela e A Fera”, e “A Pequena Sereia” para os próximos anos.
Mas é “Mogli” que vem mostrar (a despeito da
bilheteria imensa do açucarado “Malévola”) que isso tudo pode funcionar.
Orfão encontrado na selva pela pantera Baquera
(a voz apropriada e solene do grande Ben Kingsley), o filhote de homem, Mogli
(o surpreendente garotinho Neel Sethi), é levado para ser criado pelos lobos,
os mais adequados à essa tarefa. Mas, com o passar dos anos, Mogli atrai a
fúria do tigre Shere Khan (na voz poderosa e amedrontadora de Idris Elba), que
usa o medo para controlar toda a selva, e obriga Mogli a tentar regressar às
aldeias dos homens, buscando refúgio.
Nessa tentativa de fuga da sanha de Shere Khan,
Mogli encontra o urso Balu (a voz divertida e reconfortante de Bill Murray),
cuja despojada filosofia de vida oferece uma alternativa amena aos dilemas que
as circunstâncias lhe impõem.
Não há como negar que “Mogli” oferece uma bela
evolução do talento de Jon Favreau como realizador. Após dar o pontapé inicial
no bem-sucedido Universo Marvel Cinematográfico com “Homem de Ferro”, Favreau
viu seu estilo ficar cada vez oprimido pelas diretrizes da indústria na sua
continuação e no caótico e equivocado “Cowboys & Aliens”. Voltando às suas
raízes do cinema independente, Favreau encarou espontaneamente uma produção
quase de guerrilha com o singelo e simpático “Chef”, belo trabalho que pareceu
lhe restaurar as energias para este projeto, por natureza, imerso nas
logísticas complexas da computação gráfica: Durante grande parte do filme, tudo
é gerado por computador, tanto os animais, quanto a exuberante floresta que os
envolve, exceto seu pequeno protagonista, o quê só salienta o notável trabalho
do jovem Neel Sethi, e a austeridade da direção de Jon Favreau.
O projeto em si faz muito lembrar, por isso
mesmo, o premiado “As Aventuras de Pi” de Ang Lee, onde também vemos um jovem
protagonista hindu às voltas com personagens e todo um mundo de situações
inusitadas que jamais ganhariam forma senão pela magia proporcionada pelos
milagrosos efeitos visuais da atualidade.
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