quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Mogli - O Menino Lobo

A criatividade visual esbanjada pelo diretor Jon Favreau pulsa em cada fotograma desde seu novo trabalho, mais um da série onde os estúdios Disney transportam para a encenação live-action seus clássicos animados.
E é com satisfação que se conclui que “Mogli” é, até agora, o melhor de todos eles.
Após o início, com “Alice No País das Maravilhas”, de Tim Burton arriscando efeitos em 3D pós-“Avatar” (e a continuação “Alice Através do Espelho” foi lançada este ano, mas essa é uma outra história...), e os subseqüentes “Malévola”, com Angelina Jolie, e "Cinderella", o estúdio está pronto para (re) explorar o filão de suas marcas: Estão engatilhados uma versão de “A Bela e A Fera”, e “A Pequena Sereia” para os próximos anos.
Mas é “Mogli” que vem mostrar (a despeito da bilheteria imensa do açucarado “Malévola”) que isso tudo pode funcionar.
Orfão encontrado na selva pela pantera Baquera (a voz apropriada e solene do grande Ben Kingsley), o filhote de homem, Mogli (o surpreendente garotinho Neel Sethi), é levado para ser criado pelos lobos, os mais adequados à essa tarefa. Mas, com o passar dos anos, Mogli atrai a fúria do tigre Shere Khan (na voz poderosa e amedrontadora de Idris Elba), que usa o medo para controlar toda a selva, e obriga Mogli a tentar regressar às aldeias dos homens, buscando refúgio.
Nessa tentativa de fuga da sanha de Shere Khan, Mogli encontra o urso Balu (a voz divertida e reconfortante de Bill Murray), cuja despojada filosofia de vida oferece uma alternativa amena aos dilemas que as circunstâncias lhe impõem.
Não há como negar que “Mogli” oferece uma bela evolução do talento de Jon Favreau como realizador. Após dar o pontapé inicial no bem-sucedido Universo Marvel Cinematográfico com “Homem de Ferro”, Favreau viu seu estilo ficar cada vez oprimido pelas diretrizes da indústria na sua continuação e no caótico e equivocado “Cowboys & Aliens”. Voltando às suas raízes do cinema independente, Favreau encarou espontaneamente uma produção quase de guerrilha com o singelo e simpático “Chef”, belo trabalho que pareceu lhe restaurar as energias para este projeto, por natureza, imerso nas logísticas complexas da computação gráfica: Durante grande parte do filme, tudo é gerado por computador, tanto os animais, quanto a exuberante floresta que os envolve, exceto seu pequeno protagonista, o quê só salienta o notável trabalho do jovem Neel Sethi, e a austeridade da direção de Jon Favreau.

O projeto em si faz muito lembrar, por isso mesmo, o premiado “As Aventuras de Pi” de Ang Lee, onde também vemos um jovem protagonista hindu às voltas com personagens e todo um mundo de situações inusitadas que jamais ganhariam forma senão pela magia proporcionada pelos milagrosos efeitos visuais da atualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário