Em meados de 2009, a icônica saga “Jornada Nas
Estrelas” começava a pedir uma repaginação, com seu elenco original já
sexagenário, e a glória e sucesso dos filmes de cinema (oriundos da célebre
série de TV), lembrados numa longínqua década de 1980.
A Paramount incumbiu, então, o bem-sucedido
J.J. Abrahams de reformular a franquia, dando a ela novas caras, novas
direções, e uma nova abordagem para toda uma nova geração, sem esquecer claro o
fundamental respeito a um material tão amado pelos fãs, e pelo legado do
criador Gene Rodenberry.
“Star Trek” –preservado o título original –é,
portanto, um esforço criativa dos mais louváveis no sentido de honrar tudo o
quê antes foi feito, e ao mesmo tempo, valer-se da premissa e dos personagens
para se realizar ao novo em folha. E seu bom resultado é um testemunho ao
talento e à competência de Abrahams.
A escolha do elenco, como não podia deixar de
ser, foi um trabalho minucioso e preciso: O jovem Chris Pine, substituindo
William Shatner, como Cap. James Kirk; Zachary Quinto, no lugar de Leonard
Nimoy (que faz uma ponta ilustre) como Senhor Spock; a bela Zoe Saldana (que se
tornaria uma atriz assídua em filmes de ficção científica com sua participação
também em “Avatar” e “Guardiões da Galáxia”) como Uhura; John Cho como Sulu; Anton
Yelchin como Chekov; e Simon Pegg como Montgomery Scott.
No vôo inaugural da Nave USS Enterprise, vemos
assim, essa inusitada e familiar tripulação se formar quando por acaso, a nave
se vê envolvida os planos de vingança do romulano Nero (um vilanesco e
eficiente Eric Bana). Contudo, Nero veio do futuro, e sua presença cria uma
espécie de bifurcação no tempo, originando uma nova realidade alternativa: E
nessa sacada de gênio, Abrahams consegue manter intactos todos os
acontecimentos que abrangem as produções com o elenco original, enquanto obtém
liberdade para seguir em frente com este novo elenco.
Nem tudo, porém, são flores nesta reinvenção da
franquia conhecida por "Jornada Nas Estrelas": Ao mostrar a
"origem" de personagens icônicos como o Capitão Kirk, o Senhor Spock
e muitos outros, o diretor e seus atores não escapam da sensação de que estão ‘pisando
em ovos’ e muitas vezes ostentam uma superficialidade às vezes irritante,
sobretudo quando o roteiro explora algumas dinâmicas de relação entre certos
personagens.
Quando o filme mergulha em questões mais
práticas –a tensão das batalhas, as táticas de combate e o militarismo
implícito na premissa –o filme parece ganhar mais descontração.
Pode-se dizer que este primeiro “Star Trek”,
como espetáculo comercial, e sobretudo em função da catástrofe que poderia ter
sido, cumpre seu papel: O elenco mais jovem, e no geral todos bastante
parecidos com os atores originais, dá uma nova roupagem aos clássicos personagens,
dando ênfase à rivalidade inicial, e posterior amizade, que se forma entre Kirk
e Spock.
Era o início de algo, que
viria a melhorar muito nos filmes seguintes.
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