A cada ano que passa, o maior prêmio do cinema
parece vir rodeado de prognósticos cada vez mais melindrosos: Desta vez, muitos
são os que insistem numa proliferação de filmes de conteúdo racial, em resposta
direta à polêmica que predominou nas últimas edições e que gira em torno do
fato de haverem apenas brancos nomeados nas indicações.
Se isso irá se confirmar ou não, é algo que só
saberemos mais tarde, por ora, palpitar os possíveis competidores na categoria
principal já parece bastante complicado.
Cinco parecem ser os mais prováveis:
O Nascimento de
Uma Nação
Alardeado como um dos possíveis concorrentes ao
Oscar desde que chamou estrondosamente a atenção nos circuitos de festivais
independentes onde foi exibido, o filme dirigido, estrelado e produzido por
Nate Parker (cotado para concorrer nessas três categorias) não apenas chega
como uma lembrança emblemática com relação às polêmicas de exclusão que mancham
o Oscar ultimamente, como também está relacionado à própria história do cinema:
Ele é refilmagem de um épico homônimo dirigido por D. W. Griffith em 1915, que
trazia as primeiras experiências cinematográficas no campo da narrativa. O teor
racista da obra de Griffith, contudo, manchou parte desse brilho, levando o
diretor inclusive a rodar um outro épico, “Intolerância”, desta vez,
ressaltando a igualdade das raças. Esta refilmagem reestrutura a história, o
contexto e, sobretudo, o subtexto, adquirindo ares de um poderoso (e pelo que
andam falando, magnífico!) manifesto contra a discriminação.
Contra o filme pesam as recentes denuncias de
estupro contra seu realizador, o quê pode tornar a lembrança da Academia um
pouco hesitante em relação a ele.
Sully-O Herói do
Rio Hudson
Existem aqueles que são os prediletos da
Academia de Artes Cinematográficas e que, ano a ano, não faltam entre os
indicados. Alguns, é bem verdade, por mérito indiscutível.
Parece ser esse o caso deste novo filme que
trás não um, mas dois profissionais que o Oscar tem em altíssima conta: Clint
Eastwood (premiado por “Os Imperdoáveis”, em 1992, e por “Menina de Ouro”, em
2004) e Tom Hanks (vencedor de dois Oscars consecutivos de Melhor Ator por
“Philadelphia”, em 1993, e “Forrest Gump”, em 1994).
A história também é, ela própria, um prato
cheio para premiações interessadas em obras edificantes e sérias, sem a
intenção de chocar: A história do piloto Chesley Sullenberger, que ficou famoso
ao salvar as vidas dos ocupantes de um avião comercial ao pousar a aeronave nas
águas do rio Hudson, em 15 de janeiro de 2009. Sullenberger –ou Sully –teve sua
vida esmiuçada depois do acontecimento, numa trama ligeiramente parecida com
outro filme, “O Vôo”, de Robert Zemeckis, não por acaso, bastante lembrado no
Oscar 2012.
A Chegada
A cada nova obra o canadense Denis Villeneuve
consegue pegar de assalto o público e a crítica. Num ano em que tivemos
espetáculos de pirotecnia assumidamente comercial do porte de “Independence
Day-O Ressurgimento”, Villeneuve entregou um dos mais profundos, intimistas e
inquietantes registros sobre um provável contato com uma raça alienígena no
cinema. Os apreciadores do gênero ficção científica estão, desde já, ávidos pela
possibilidade que verem um filme desse gênero indicado ao Oscar de Melhor Filme
(o quê não ocorria desde 2009, com “Avatar” e “Distrito 9”), e aqueles que o
viram garantem que o filme tem méritos de sobra para fazer história!
La La
Land-Cantando Estações
Autor daquele que talvez seja o filme mais
surpreendente do Oscar 2015, o sensacional “Whiplash-Em Busca da Perfeição”, o
diretor Damien Chazelle mais uma vez volta seu olhar para a música –mas num
contexto e num clima diferente –e recorre à um dos pares mais festejados do
cinema atual, os apaixonantes e carismáticos Ryan Gosling e Emma Stone, que já
estiveram juntos em “Amor À Toda Prova” e “Gangster Squad”. O filme já vem
laureado do Festival de Veneza com o prêmio de Melhor Atriz para Emma Stone (o
quê a coloca como possível concorrente ao Oscar e aos outros prêmios) e com uma
sucessão de críticas maravilhadas daqueles que o assistiram.
Silence
E, por fim, como ignorar um novo trabalho de
Martin Scorsese? Voltando seu olhar palpitante, antropológico e sempre
magistral para os missionários no Oriente, o realizador de “Táxi Driver”, “Os
Bons Companheiros” e “O Lobo de Wall Street” conduz Liam Neeson (que já havia
vivido um padre jesuíta em “A Missão”) e Andrew Garfield (buscando recolocar a
carreira nos trilhos depois do claudicante resultados de “O Espetacular
Homem-Aranha 1 e 2”) no que parecem ser interpretações espetaculares.
No mínimo, mais uma aula de cinema!
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